Thursday, July 24, 2008

MÚSICA É HISTÓRIA



Meados da década de 90, uma mulher chega em casa cansada de um show, o marido ficou em casa. É um casal moderno(medo...).De manhã, o marido, surpreso, repara que há uma marca estranha na mulher.Chega mais perto e confirma: sim, aquilo era uma MARCA DE DENTE.E não era uma marca de dente em qualquer lugar, era uma marca de dente na BUNDA. Eu disse BUNDA mesmo!

E como é que se explica uma coisa dessas?

- Jura, não vi..

- Quem botou esse dente aí?

- Amor é o seguinte, caí sem querer na boca de um amigo...

Conclusão: Traição. Aí meu amigo, não há modernidade que aguente. Em vidas comuns como a minha e a sua, isso já seria motivo pra escândalo e separação, agora imagina se isso acontece na vida de dois ícones do Britpop!Pois é meus queridos leitores, o casal em questão é nada menos que Damon Albarn do Blur(uma das melhores coisas que a música britânica pariu na década de 90) e Justine Frischman, vocalista do Elastica (boa banda pra levantar uma festinha e sensação do da época)! Tá pensando que a coisa parou por aí? E se eu disser que a dentada em questão vem simplesmente da boca de Brett Anderson, o melhor letrista da musica inglesa desde Morrissey, até Jarvis Cocker do ótimo Pulp e Brian Molko aparecerem pra concorrer. Brett era vocalista do Suede(uma das minhas bandas prediletas e certamente uma das melhores Inglesas).

Recaída. Sabe aquele negócio que acontece quando uma situação termina mal-resolvida? Explica-se: Justine tinha sido uma das guitarristas da formação inicial do Suede e até deu o nome da banda (o título vem de uma música de...Morrissey , claro! "Suedehead", quer dizer "ambíguo", titulo perfeito pras letras ambíguas de Mr. Brett, que, by the way, era muuuuito ambíguo e dormia com uma foto de Bowie debaixo do travesseiro. Ah, eu ia esquecendo, ela também foi namorada do Brett na época... "Animal lover" foi feita logo que Justine o trocou por Damon e fala sobre o mesmo na letra. Aí, sabe como é aquela história: situação mal-resolvida, a sexy-princesa-bagaceira porra-louca do Britpop não resistiu aos apelos sexuais do bonitão andrógino e não deu outra. Aliás, deu. Ela deu. Desnecessário dizer que os tablóides britânicos deitaram e rolaram com a história explorando o acontecido à exaustão. O histórico ódio do Oasis pelo banda (e vice-versa) ganhou uma contribuição, um prato cheio para os irmão Gallagher sacanearem o bom moço Damon. Eles foram tão cruéis que chegaram a dar uma entrevista com uma camisa escrita "I bit her too”(eu também mordi). E Justine? bom, ela vendeu mais discos ainda. Quem não conhecia, acabou ficando curioso em saber quem era a mulher que tinha seduzido dois dos maiores ícones do britpop, objeto de desejo de 9 entre 10 Inglesas.

A pergunta é: e o Damon? Aí é que entra o título desse post...

Qualquer mortal comum nesse caso, tem uma depressão, toma vários porres, bota um Portishead no Cd, no MP4 ou no Ipod e vai drenar a dor, ou ouve Lupiscinio Rodrigues até secar o olho, Ouve Dolores Duran até ficar com pena de si mesmo, ou vai pra algum show do Reginaldo Rossi e canta "garçom" junto com ele até cair no chão. Mas o que fez o talentoso Damon? o que sabia fazer de melhor: música. Transformou sua dor em arte para os mais sofisticados. Não demorou muito e as rádios já ouviam o single da lindíssima canção
"no distances left to run", retrato perfeito do que significa ser abandonado:

"It's over/you don't need to tell me//I hope you're with someone who makes you feel safe in your sleeping tonight/I won't kill myself, trying to stay in your life/I got no distance left to run/When you see me/Please turn your back and walk away/ I don't want to see you Cos I know the dreams that you keep is wearing me"...



Mesmo assim o moço ainda no tinha exorcizado o fantasma, e fez um CD inteiro girando em torno do tema, o experimental, belo e triste "13".É importante lembrar que tempos depois, Damon afirmou que o motivo da separação entre os dois teria sido o abuso de drogas por parte de Justine e também o fato dela não querer ter filhos. Já as más línguas dizem que os reais motivos foram as puladas de cerca de Justine com Brett Anderson e as famosas marcas de mordida.

Damon, tá de bem com a vida até hoje, encabeçando dois projetos vencedores, o divertido Gorillazz e o ótimo The Good the Bad and the Queen. Brett, depois tentou voltar com o semideus da guitarra e guitarrista original da banda,Bernard Buttler (chamado na época de o novo Johnny Marr, por causa de seu inigualável jeito de tocar, inspiradíssimo no Glam rock(leia-se Bowie e Marc Bolan). Eles formaram a banda The Tears (vale a pena ouvir pelo gostinho de Suede) que ainda fez dois Cds e acabou. Justine anda meio sumida, depois das várias acusações de plágio, a talentosa e sexy musa ainda ostenta no currículo a vaidade de ser objeto de inspiração de dois dos mais importantes álbuns britânicos da década: o já citado "13" do Blur e o homônimo do Suede.

Continuando no mesmo tema, vamos dar um salto de 30 anos pra trás:

A nossa personagem chama Angela, ela tem um sobrenome que é famoso até hoje. Nos anos 70, ela era casada com um já semideus que iria atingir a divindade com o passar dos anos. O sobrenome era Bowie. Angela, ao chegar em casa de surpresa, encontra Bowie na cama, pelado com uma outra pessoa. Até aí, nada de sensacional, uma vez que no mundo do rock, especialmente nessa época, o conceito de fidelidade era bem relativo, mas na cama estava um bocudo de sobrenome tão famoso quanto Bowie: Jagger, o Mick. Angela, tomada de fúria, foi para as câmeras e revelou o ocorrido. Claro que os tablóides fizeram a festa(business is business...), Bowie e Jagger venderam mais discos ainda e fizeram mais shows(escândalos vendem amigos...). Mick, numa mea-culpa, faz e lança a bela balada "Angie", apelido carinhoso que bowie chamava Angela.


Checa a desculpa do moço:

"I hate that sadness in your eyes/but Angie, Angie, aint it time we said good-bye?...but Angie, I still love you, baby/Everywhere I look I see your eyes/There aint a woman that comes close to you/- (tá, vendo, ele não falou nada sobre homem? sorry, não resisti à piada...)

O líder da maior banda do mundo nunca confirmou o boato, também nunca desmentiu.

Três anos após a revelação na TV, Angela Bowie escreveu o livro Backstage Passes: Life On the Wild Side with David Bowie, em que detalhou mais peculiaridades de seu casamento com Bowie, inclusive das orgias de que ambos participavam enquanto casados. Os dois se conheceram durante um sexo a três com o executivo Calvin Mark Lee quando ela tinha 19 anos, em 1969. (ah, a modernidade...)

O que foi? junkie careta agora virou a Caras do mundo virtual? Colunista de fofoca? Que decadência...(o que a tristeza e uma monografia inacabada não fazem na vida de um homem..)

Não é nada disso.
A razão é que às vezes a gente ouve uma música e não tem idéia do que a moveu. Isso também é legal, a idéia que cada um faça de uma mesma frase um espelho, que veja o que quer ver, é fantástica, é um desses atributos que fazem desse presente divino(ou diabólico, como dizem alguns) um alento pra alma. Ao longo desses anos pesquisando essa paixão, descobri uma série de histórias por trás das letras que achei que vocês poderiam gostar. Algumas são conhecidas (como a do Bowie e Mick), outras são coisas de fã, menos conhecidas. Compartilho aqui com vocês e espero que vocês possam se divertir ao lerem. Elas serão contadas bem mais rápidas dos que as duas anteriores que foram só pra chamar sua atenção, faremos de forma mais dinâmica.Não tem um período específico, são aleatórios. Você deve encontrar aqui e alí uma que conhece e outra que não conhece, só evitei as muito conhecidas, (principalmente as da época da ditadura, que você já ta cansado de saber pelo seu professor de história ou aquele seu amigo mala que só fala em MPB, o imperialismo americano e coisas afim). Nota: eu disse SÓ FALA NISSO.


Na maioria das vezes, o critério foi gostar do artista, outros é só porque é uma boa história.

Desde que Dylan salvou o rock da adolescência, qualquer tema passou a ser objeto de inspiração para o compositor. De qualquer forma quem quiser acrescentar, que conte outra, como dizia aquele personagem daquela série de livros infantis do Monteiro Lobato, que virou um famoso programa de Tv.

Entendeu agora?


Pra facilitar a vida de todos, eu coloquei o link com os vídeos. basta clicar em cima do título da música.


Vamos lá:


Começando com o Oasis.

- "
Don't look back in anger" é um fragmento de uma conversa de Jonh Lennon, e
”wonderwall” é o título de uma trilha sonora composta por George Harrison em 69. Os maravilhosos rude boys do Oasis adoram os Beatles(apesar de dizer que não) e devem boa parte de seus sucessos iniciais a eles, chegando a plagiar descaradamente os garotos de Liverpool em suas composições. "Cast no shadow" (da quase perfeição de Cd What's the story morning glory) foi feita para o vocalista do Verve, e seu problema sério com drogas.

-Em "One", Bono(U2) disseca a sua relação com seu pai (do CD Achtung baby).Basicamente o disco fala de separação do começo ao fim. Bono disse em entrevista que não entende como muitas pessoas vem ao seu encontro pra dizer que casaram ao som da música. Bono disse:

-Vocês estão doidos?o disco fala de separação!


- Na canção "4st 7lb", do excepcional Cd The Holy Bible, Richey James,(guitarrista e co-letrista) antes de desaparecer do Manic Street Preachers(excelente banda!) falava de sua luta contra sua anorexia.


- David Bowie, fez
"lady stardust" para seu ídolo Marc Boland, do T-Rex, outro semideus(ouça correndo,uma das maiores influências de Bowie).


- O Roxy Music de Bryan Ferry e Brian Eno, em
"every dream home a heartache",
fizeram uma ode à... boneca inflável!


-Caetano Veloso, esse se inspira por qualquer coisa. O homem já fez música até pra fotossíntese (!!), a perfeita canção
" luz do sol" (alegria dos professores de biologia) . Musos e musas foi o que nunca faltou pro homem:"Leãozinho" foi feita para Mu, baixista da cor do som, além da linda canção “Menino deus”. "Menino do Rio", foi feita pra um surfista que ele viu em ação e ficou encantado. "Tigresa"
foi inspirada na atriz Regina Casé(!!!) . A atriz Vera Zimmerman foi a musa de "Vera gata". Até a antipática e arrogante da Luana Piovanni (aquela namorada daquele grande ator global e excepcional cantor)... já reclamou título de sua musa). Se fossemos falar de todas as histórias por trás de suas músicas, esse post seria só pra ele.


Joni mitchell - (será que ela não é a melhor compositora do mundo?) na perfeição chamada Blue, na canção
"A case of you" , fala sobre um amor daqueles que não se esquece e se carrega pela vida inteira. Dizem que é fruto da história dela com Jacob Pastorius, deus do baixo. Nesse Cd, aliás, Joni fala de uma geração que já foi otimista, mas agora é fraca e exitante (conhece alguma geração assim por aí?) lá, você também vai encontrar uma das melhores canções já escritas por um compositor, a canção "last time I saw Richard"
(também regravada brilhantemente, por Renato Russo). É o retrato de uma vida em declínio, sobre aquelas pessoas que vivem vidas previsíveis por uma existência inteira.


- Aquele que talvez seja o melhor letrista vivo no mundo(depois de Dylan, claro), Leonard Cohen, que já era poeta e tinha escrito 2 romances-letras ricamente literárias antes de entrar na música, em "Songs of love and hate", fez uma coleção de gemas sobre o amor e sua proximidade com o ódio, baseado em suas histórias. A melhor definição que já ouvir pra esse CD não é minha, é de um crítico da Rolling Stone que eu não me lembro o nome : "é uma coleção fascinante de feridas abertas, desprezo constante e amor febril. A linha entre amor e ódio raras vezes soou tão frágil. Você tem que ouvir esse cara.(grifo meu)


- Depois de consubstanciar a teoria Freudiana em
“The end” , Jim Morrison do The Doors, na canção
“love her maddly”, faz um hino à paixão obsessiva. O Suede faria a mesma coisa quase 30 anos depois na maravilhosa “Obcessions” do Cd A new morning.


- Em
"Neighbourhood #1(Tunnels)"
, os excelentes Arcade Fire, falam sobre a fuga dos protagonistas da casa de suas famílias para se encontrarem e assim fugirem dos sofrimentos da casa de seus pais - em tempo - Os líderes Win Butler e Regine Chassagne são casados.


- Gilberto Gil na canção , no mínimo magnífica
"Drão", fala da separação de sua ex-mulher com quem tinha uma relação de muita poesia. Já te mata no primeiro verso:

"Drão, o amor da gente é como um grão/ uma semente de ilusão/tem que morrer pra germinar...".

O Menestrel, aliás, é presença obrigatória em qualquer lista das melhores canções brasileiras.
“Super homem, a canção , é um dos maiores hinos feitos sobre a condição masculina em tempos contemporâneos e é atualíssima até hoje. "A linha e o linho", é uma das coisas mais perfeitas que já se fez sobre o a cumplicidade no amor.


Transcrevo aqui pra você me dizer se eu tô errado:

"É a sua vida que eu quero bordar na minha/como se eu fosse o pano e você fosse a linha/e a agulha do real nas mãos da fantasia fosse bordando, ponto a ponto, nosso dia-a-dia/e fosse aparecendo aos poucos nosso amor/os nossos sentimentos loucos, nosso amor/o zigue-zague do tormento, as cores da alegria/a curva generosa da compreensão formando a pétala da rosa da paixão/a sua vida, o meu caminho, nosso amor/você a linha, e eu o linho, nosso amor/nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa reproduzidos no bordado a casa, a estrada, a correnteza o sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza"


Precisa falar mais sobre essa canção?

Aliás, mais uma vez, vou aproveitar pra dizer pra rapaziada criadora de cercas. Tem que parar com essa mentalidade de colonizado, que o que é Inglês é melhor do que o que é nacional. Anota aí: Gil, no geral de sua carreira, é tão bom quanto Molko, Morryssey, Brett Anderson, e todos esses grandes artesãos da música e letra. Se é porque você se identifica mais, tudo bem, mas, sair por aí afirmando que eles é quem são melhores, que a gente não tem nada tão bom, intenso, atraente, cool, visceral, é no minimo falta de informação!....Isso é coisa de mentalidade de colonizado! (e olha que você não tem idéia do quanto eu gosto da tríade citada.... Experimenta ouvir Mutantes,Walter Franco, Arnaldo Batista(carreira solo),Tim Maia(especialmente a fase Racional), Roberto Carlos fase soul/funk,( quando voltou maconheiro dos EUA e teve coragem de romper com a imagem de "namoradinhodo Brasil"), Sergio Sampaio e muitos outros pra ver o que acha. Vou parar por aqui só pra não perder o foco.


- A belíssima canção de Milton Nascimento(que eu acho chatíssimo, apesar de reconhecer o brilhantismo)
"Beatriz", foi feita para a atriz Beatriz Segall em reconhecimento ao seu talento.


Sexo e Drogas certamente são os temas mais recorrentes no rock. Sobre drogas, veja alguns exemplos:


-
"Special k"
do Placebo - Nada mais é do que a Ketamina, uma pilulazinha que se andava vendendo nas boates londrinas que deixava as pessoas bem relaxadas e erotizadas, deixando a libido à flor da pele. É claro que Mr Molko se viciou.

-
“Drugs don't work”
, do lindo Cd Urban hymes do ótimo Verve, é um hino triste sobre a morte do pai do vocalista Richard Ashcroft.


- Em "Dig in the hole", os irmão químicos (hummm... êta nomezinho bandeiroso...) Chemical brothers, falam abertamente de ecstasy.


- Os Happy Mondays(esse nome é ótimo...) no maravilhoso Cd Pills, thrills and bellyaches, não fizeram só uma canção, fizeram desde o título do álbum(sobre as consequências das noites regadas a ecstasy, coca e heroína) uma ode à chapação.


- Beatles, vou citar só três pra não esgotar o tema.


"Fixing a hole" é Paul descrevendo um barato que teve depois de fumar umzinho. It's getting better” é uma ode à erva, onde Lennon diz que desde que a conheceu tudo ficou melhor. Até hoje não se sabe se Lucy in the sky with diamonds é sobre uma inocente pintura do filho de John,(no desenho, uma colega de Julian, chamada "Lucy passeava pelo céu com diamantes"), ou é de fato, uma descrição de uma viagem de ácido) por causa das iniciais do nome da música(LSD)


- Os Rolling Stones, em parceria com a groupie-mor Marianne Faithful, em
"Sister morphine"
, contam uma sombria história sobre o vicio no bom Cd Stick finger(aquele da capa feita pelo Andy Warhol). Na época Marianne e Keith Richards se encontravam enterrados na heroína. A morfina seria para acalmar a dor, daí, a louvação.


- Um dos pilares da estética sex, drugs and rockn’roll, e uma das pedras fundamentais do rock, o Velvet Underground tinha sempre a presença da droga em suas temáticas. A ode a heroína é explícita em
"heroin" . Em
"waiting for my man" adivinha quem é o homem? O mesmo "Dr. Roberts" dos Beatles - Um traficante. Aliás, No brutal White light/White heat , eles defendem abertamente o uso de anfetaminas na faixa título, já em 67.


- "Poledo" dos essenciais e não-reconhecidos Dinossaur Jr (que banda...que guitarrista...), foi uma letra feita sobre o efeito de um baseado. Observe a letra e perceba o que a erva pode fazer com percepção de um músico.


- No excelente Blood Sugar Sex magic, na canção
“under the bridge”,
Anthony Kieds do Red Hot Chilli Peppers, nada mais faz do que uma apologia à heroína. Já vi adolescente oferecendo essa “canção de amor” pro outro em rádio...

Mudando o tema:


- Em
"Bodies"
, da melhor farsa que o rock já teve, o maravilhosamente descarado Cd Never mind the bollocks, os Sex Pistols falam de aborto.


- Em
"She's lost control" , o semideus e outro candidato a melhor letrista de todos os tempos, Ian Curtis do Joy Divison narra suas experiências como epilético. (Ai meu Deus, agora virou moda, por causa do documentário e do filme... meu coração de fã não vai aguentar...). Alguém por favor, se compadeça de mim, e me mande o documentário sobre ele ou o filme, pelamordedeus!)


-
"My, my, hey, hey"
, do deus Neil Young, nada mais é do que um reflexão sobre a natureza passageira do estrelato. O fato mórbido que aumentou a curiosidade em torno dessa canção é que Kurt Cobain do Nirvana a citou no bilhete que deixou ao se suicidar. Young ficou tão sensibilizado com a perda do jovem talentoso que fez um Cd inteiro sobre ele (o sublime Sleep with angels)


-Morrissey, ainda nos Smiths (alguma dúvida que foi a última banda original do mundo?) em
"big mouth strikes again" , sacaneava a crítica que o chamava de muito desbocado e os Djs alienados que vivem no mundo da lua. Criou o verso mais odiado por Djs de rádio do mundo, por causa do refrão "Hang the dj" , (enforquem o Dj (!) que além de tudo, ainda se viram obrigados a tocar a música nas rádios por causa dos pedidos dos ouvintes. No Cd Meat is murder (redundância dizer que é ótimo) na canção “How soon is now", (melhor música pop já escrita, segundo uma boa parte da imprensa britânica) ele lamenta uma juventude perdida sendo ignorada em boates. Em “paint a vulgar picture” , Morrissey já atacava a industria do disco antes de Lobão(1987), só que em música. Reza a lenda que I won't share you , fez com que o baterista Mike Joice tivesse um ataque de choro no estúdio na gravação. Eu não tava lá, mas, já chorei ouvindo.


- O Sonic Youth no bom Cd Goo, na canção
" Tunic"
falam sobre a morte de Karen Carpenter (dos Carpenters) de anorexia. Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas, sua mãe e seu pai os adoravam, e dançaram agarrados ao som dos irmãos quando você ainda tava na barriga.


- Em
"Till death do us apart" ,
do belo CD Like a prayer, é de sua noite de terror nas mãos de Sean Penn, amarrada em uma cadeira, que Madonna está falando. Ele, à propósito, é confesso, a grande paixão de sua vida.


- Não se engane, é dos seus pais que Billy Corgan está falando em
“Disarm” , na perfeição chamada Siamese dream. Em “space boy”
, é a seu irmão que tem deficiência mental, que ele se refere.


E aquele assunto que todo mundo adora falar? bom, se fossemos falar de letras falando de Sexo, nem o blogger.com inteiro teria tanto espaço. Só pra citar os que eu mais gosto:


- Marvin Gaye em
“Sexual healing” , (do Cd homônimo) propõe como cura pra todos os males (já pensou?) e como já disse antes, em poucas vezes na história da música se foi tão cara de pau, poucas vezes se fez uma canção pra se criar um clima melhor que “Let’s get it on”
(do também Cd homônimo).


-Prince (quase sempre perfeito), cuja carreira é perpassada em sua fixação sexual, no Cd Diamomds and pearls, lança
"Get off” , uma das maiores odes explícitas ao sexo, desde o título. No Cd 1999, a canção “DMSR” nada mais é do que um romance sexual em ritmo de disco music.


-Pj Harvey em seu Cd Dry, transpira sexo.
“Sheela-Na-Gig” é uma referência a antigos símbolos da fertilidade feminina. Na outra obra prima Rid of me, na canção homônima
, já introduz (oops) dizendo: “lick my legs/ I’m on fire”(lamba minhas pernas/ estou em chamas).


Os rappers contemporâneos quase só falam sobre esse tema (e aí é que mora o problema... Será falta de talento pra falar sobre outro tema? Com caras como 50 cents, quase tudo termina lá.


Como já disse, ainda prefiro o Marvin Gaye que com seu Cd Let's get it on abordou o tema do começo ao fim e não ficou cansativo ou apelativo (e nesse sentido passa a ser temático, assunto pra outro post...) Tá tudo lá, aquelas cordas sensacionais, aquele climão, os sussurros, aquele jeito de cantar beirando a perfeição.


Mudando de assunto, de novo...


-Em The boatman's call, um dos melhores álbuns de rock sobre separações, Nick Cave destila sua dor pela separação de P.J Harvey, com quem viveu. “West country girl” e Black hair", seriam sobre ela. Decididamente não é um álbum recomendável pra quem se separou... Nick é só pessimismo, embora comova. Ele fecha o cd com a dilacerante "Brompton oratory”. Na canção, você não sabe se o ente querido que ele chora, está morto ou não.

- A canção “Miss Jackson” do Cd Big Boi and Dre Present...Outkast, é o ponto de vista de Andre 3000 do Outkast, sobre a sua separação de Erikah Badu. Já o dela, foi um Cd inteiro, o belíssimo Mama's gun. Especialmente na faixa "Green eyes" e "it's too late".


- A ótima Beth Orthon na canção
Pass in time” ,
do excelente Cd Central reservation fala da morte da mãe. Realmente comovente.


- Em
“Mother” ,
Lennon no belo vôo solo John Lennon/Plastic OnoBand, canta a perda e a incurável falta de sua mãe, apesar do passar dos anos. De cortar o coração do mais durão dos durões. Quem já ficou sem esse presente de Deus na terra sabe do que ele tá falando.


- Tori Amos, no dilacerante Little earthquakes, na canção
“me and a gun”,
narra à capela, a história de como foi estuprada por um fã-maníaco ao final de um show(minhas amigas cantoras, cuidado com quem se aproxima...), exorcizando sua dor. Não ouça se tem coração e estômago fraco. Uma das coisas mais tocantes que já ouvi.


-Depois de ter vários abortos espôntâneos, Sinéad O'Connor chora a morte de seus filhos na canção
“Three babies” .
Siga o mesmo critério adotado na Tori amos. É de doer na alma.


-
“Kite” ,
do Cd All you can't live behind do U2, foi escrita para o pai de Bono que estava morrendo.


-No injustiçado In útero do Nirvana, na canção
“serve the servants” ,
Kurt está perdoando seu pai ausente.


- Em
"53rd and 3rd" , d
o primeiro disco dos Ramones e pedra fundamental do punk, o baixista Dee Dee conta sua experiências como michê!!!


- Renato Russo em duas canções fala delicadamente de sua homossexualidade.Quase ninguém percebeu na época.

Em “soldados” :

Tenho medo de lhe dizer o que eu quero tanto/ tenho medo e não sei o que estamos esperando”.

E “Daniel na cova dos leões”:

Mas tão certo quanto o erro de ser barco a motor/ e insistir em usar os remos...”.

Já em “Meninos e meninas" ele se descobre bi-sexual.


- Elton John no belo Cd Goodbye yellow brick road, no tempo que sabia compor, antes de ficar milionário e fazer uma "Nikita" por ano, na faixa
"All the girls love Alice" ,
fez o que talvez tenha sido a primeira canção a falar de lesbianismo.


- No belíssimo e confessional Ingénue, K.D. Lang , finalmente se expõe ao seu público, arriscou toda sua carreira em seu país conservador, assumiu sua homossexualidade e depois que já era sucesso o público adorou saber que
“wash me clean” e
Miss chatelaine , foram feitas inspiradas pelo desejo dela por uma mulher casada.


- No Cd VERY, os Pet Shop Boys incluem a canção “to speak is a sin” dizendo que ela foi feita, “pros que estão no armário”.


- Na obra prima do Pulp, Different class, o brilhante Jarvis Cocker na canção
"I spy" ,
fala de seu voyeurismo.


- Não, você não se enganou, na canção “range” é o Smashing Pumpkins e Stone Temple Pilot que os caras do excelente Pavement estão sacaneando, no sensacional Cd
Crooked rain, Crooked rain.


- Em
“Paranoid android” ,
o Radiohead, no Cd Ok, computer, (concorrente de a melhor obra da década de 90), Thom Yorke, fala do jet set enlouquecido pela cocaína. O titulo foi tirado do livro "o mochileiro das galáxias" de Douglas Adams (li e não achei nada demais).


- O deus vivo Bob Dylan é o letrista por excelência. Eu faria um blog inteiro só pra falar de sua importância pra cultura ocidental e de suas letras(idem para os Beatles). Podia usar aqui, quase qualquer uma de suas músicas, vou no clichê: “Like a rolling stone” é simplesmente os anos 60, retrato de uma geração inteira. Absolutamente perfeita.
"Ballad of a thin man" ,
é o atestado dessa mesma geração só que, surpreendentemente, com medo de mudar. Essa canção a propósito, é pura história. Dylan a canta corajosamente, enquanto ao fundo, ainda se ouve ecoar o grito de "Judas!". Uma geração que outrora era libertária e de repente se viu conservadora quando seu representante oficial, quis eletrificar seu som, abandonando o já defasado folk music da época.Dylan debocha, com a ironia e coragem fazendo a perguntaque não queria calar:

"Cause something is happening here/but you don't know what it is/do you, Mr John?

Não se deixe levar pelo novidadeirismo, Dylan é deus. Descubra a obra desse cara.



Se você teve a paciência de chegar até aqui, obrigado e parabéns. Sempre me perguntam: por que seus posts são tão extensos? No mundo virtual as pessoas tem pressa, ninguém tem tempo e paciência pra ler literatura. Não tenho nada contra quem tem essa proposta, pelo contrário, adoro passear nos blogs dos meus amigos virtuais que registram seu dia-a-dia. Me divirto com eles. Eu é que não sei fazer assim(acho que registro mais o meu dia-a-dia no outro blog, o Spleen Rosa Chumbo, só que em pretensos poemas em prosa). Pode ser talvez, pela minha titânica preguiça, sei lá. Pode ser também até por opção ou falta de competência no poder de síntese. Na realidade, acho que a proposta do blog é essa: Cultura inútil (alguns até dizem que é útil e até esperam os posts , acreditam?) pra você ler quando tiver um tempinho no meio dessa sua correria, dessa sua vida louca. Só posso dizer que já são vários amigos pelo Brasil afora e outros em outras terras que extrapolaram o espaço do blog e alguns já são mais próximos e nos falamos por MSN (já ganhei cada e-book, artigo, matéria que sempre sonhei...), e-mail e alguns mais próximos ainda, até por telefone. Obrigado a todos vocês pelo suporte no momento especial.


Enfim, poderia contar várias outras histórias, são muitas. Espero que vocês possam ter gostado e se divertido um pouco. Não se esqueçam de contarem a sua se tiverem uma ou de corrigir alguma informação errada.


Tái. Junkie Careta, o homem dos posts quilométricos.


Até a próxima.




Wednesday, April 30, 2008

MUSAS PÓS-MODERNAS

This summary is not available. Please click here to view the post.

Wednesday, February 13, 2008

MÚSICA E INTOLERANCIA



Estava eu passando aqui pelo meu blog, conferindo os posts , quando de repente, deparei com a garrafal acusação: INTOLERANTE. Não sou muito do tipo que responde a ataques, sobretudo por achar que as pessoas tem o direito de discordar, isso é legitimo e ótimo que seja assim, que não se concorde sempre. É assim que pessoas inteligentes e civilizadas convivem, discordando de idéias, mas defendendo o direito do outra de tê-las. Porém, ao encontrar a mesma acusação em dois outros posts, achei que isso merecia uma reflexão. É uma máxima minha: uma vez é opinião, duas é coincidência, três é estatística. Passei a me questionar: Você não está sendo mesmo intolerante Junkie Careta? será que o seu "amigo desconhecido" não está certo? passei a me auto-observar e decidi levar a coisa um pouco mais a sério. Eu passaria alguns dias, com metodologia e tudo, registrando todo e qualquer tipo de música que chegasse aos meus ouvidos. No rádio, na fila, na rua, onde eu estivesse e iria analisar com o máximo de desprendimento possível, sem intelectualismos burgueses, e, sobretudo, com o máximo de respeito e tolerância. Ouviria e anotaria coisas que de alguma forma me chamassem a atenção, tanto no sentido positivo como negativo, depois, registraria, e meus amigos que gentilmente se dão ao trabalho de passar por aqui, vão dizer o que pensam da minha "pesquisa" e confirmarem se tenho sido intolerante ou não.Televisão não, que essa já está morta e enterrada e tem velório todo domingo em sua programação.

Tendo organizado a metodologia, passei a ter dentro do carro, um bloco pra anotar tudo que me chegasse. (Junkie careta é professor e não teve dinheiro ainda pra comprar um notebook ou um pager, amigos ou inimigos sensibilizados com a situação podem enviar para suas doações para...)
A metodologia logo demonstrou-se questionável, burra mesmo(não dava pra dirigir, que é o momento que mais ouço música, e anotar, Junkie careta burro!). Passei a usar um gravador pequeno, onde eu normalmente registro alguns células de composições minhas. Eu abandonaria os meus Cds oi só recorreria a eles em casos extremos e me entregaria ao que encontrasse pela frente. Decidi começar pelo rádio. Acabou que , às vezes, ficou parecendo uma prosa de um
Caio Fernando Abreu sem o talento majestoso do original. Vamos a ela:

― Entra a primeira música do dial, ouço um eletrônico, meio safado, onde um cara com complexo de Ícaro misturado com Dorothy Gale, ficava dizendo: "my dream is to fly, over the rainbow, so high". .. 1, 2, 3 vezes...Não seja chato e metido junkiecareta... (porra , ele vai falar isso de novo?) 4 ,5, 6... (ok, a melodia é pegajosa, confessa você gostou!) vamos mudar de ares.

―Tá lá um locutor fazendo aquele clichê "raparigueiro, pinguço-machista"(Olha a tolerância Junkie careta...) e tome forró , tome, tome, tome! E tome discurso machista e lorota de "Sou gostosão, comilão, bebum e elas adoram!” (será que esse cara consegue comer alguém com esse discurso?) ok, pelo menos foi legal ele botar o hino do flamengo e sacanear com os vascaínos, admita! Vamos para outra.

―Estão lá vários locutores falando ao mesmo tempo(por que eles insistem em falar rindo? pra dar esse clima de "pra cima"?que coisa mais falsa). Ih...já vi isso em outra rádio de S. Paulo... Estão dizendo pra ligar pra lá e pedir uma música. Vou ligar pedindo "panic", dos Smiths, com aquele memorável refrão: “hang the dj, hang the dj”. Será que eles vão tocar?E tá lá o cara claramente lendo um texto... Putz! Errou a palavra! E essa pronúncia do nome da música?Que coisa macarrônica!(deixa de ser chato rapaz, tu acha que todo mundo tem a obrigação de falar Inglês ? INTOLERANTE!Vamos pra outra.

― Eu por acaso não conheço essa voz do meu celular? Fala bem essa moça! Sem clichê na voz. Ih... Vão dizer que tô falando bem porque é minha amiga.Vamos mudar então.

―Lá vem o rapaz que quer voar "over the rainbow, so high!"(de novo!) muda.

―Já chegando no trabalho, ouço no meio de uns teclados horrorosos, misturados a uma percussão sofrível, e vou identificando... Como assim? Meu Deus! já não bastasse ir em todo canto e encontrar o mundo inteiro dizendo: Ela-ela-ela-ê-ê-ê, agora vou ter que aturar uma perversão(sim, porque não posso chamar isso de versão...) de Rihana em versão forró, em português? É o fim... Fico pensando...isso não é subestimar a inteligência do público? como é que funcionam essas coisas? Fico imaginando a cena: - E ai gente? o que é que tá tocando muito nas rádios? Vamos fazer uma versão pra pegar uma carona? Se eles cantam e dançam em inglês, vão fazer o mesmo em português. Não tem como errar! Por alguns instantes comecei a pensar que intolerância, NESSE CASO, não me parece mais uma coisa assim tão ruim... Mudando de dial de novo.

―Uma Brutal caricaturização de um gay estereotipado, cantando algo parecido com "Daniela" me esgota a paciência. Graças a Deus cheguei no trabalho. Putz, isso tá começando a ficar mais dolorido que monografia!

Noite. Que dia... Saindo do trabalho e retomando a “pesquisa” :

―"Satisfaction" Euro-dance?É... Cada um faz a satisfaction que sabe e tem a que merece. Como eles adoram esse efeito no baixo... satisfaction por satisfaction, ainda prefiro a do Devo, que dependendo do mood, pode soar bem melhor que a original.

―Essa não é aquela banda de reggae que mudou de nome?Natiroots- refrão ganchudo. Bacana.Um sopro bem colocado é sempre certeiro.

―Semente, semente... Essa sementezinha deu frutos viu, porque toca p c*! Ah, acabo de descobrir que o agricultor da "semente" é o mesmo cara do sublime verso: "Quando deus te desenioô (em baianês quer dizer, desenhou, mas o cara é gaúcho...), ele tava namorando, na beira do mar do amor". Papai do céu na hora de fazer você, ele dever ter caprichado pra valer". Morango do nordeste perdeu feio!

―Opa! Bahiana na área. Boa letrista esse menina a Pitty, pena que a Mtv enlatou ela pra ser o Charlie Brown de saias, as meninas precisavam de um modelo pra idolatrar...Mas ela não tem culpa. Sabe fazer uns refrões ganchudos. Se desse uma aliviada naquele distortion prevísivel, apareceria mais as boas melodias. Essa "pulsos" que tá tocando aqui, tem uma letra no mínimo ousada. Só não gosto do "guarda os pulsos pro final, saída de emergência...". Sem querer comparar à grandiosidade dessas obras, mas, Os Sofrimentos do Jovem Werther de Goeth e Closer do Joy Division , já foram acusados de indutores de suicídio. Nunca se sabe o que o desespero pode causar, sobretudo em mentes adolescentes e inexperientes, em constantes crises de identidade e bombardeados por hormônios, pressionados por esse mundo às vezes cruel e frio, que super-valoriza o vencedor, o popular, o rico, o bonito, e ridiculariza o loser. Eu e você que já fomos adolescentes sabemos como é fácil se sentir o patinho feio nessa fase.

―O que é isso meus Deus? eles insistem... Acabo de reconhecer a melodia do Air Supply (banda que fazia sons mela-cueca nos anos 80, bobinhas, bonitinhas. Lembra de "making love out of nothing at all"? pede socorro de novo pro teu irmão mais velho ou vai no novo dicionário musical dessa geração, o youtube. Se não conseguir liga pra Milla Camões que ela te explica). Adivinha? uma versão em...em...forró muderno! socorro São Jackson do Pandeiro!!vou mudar.

―Mais uma banda de pseudo-forró, ou o que quer que isso seja.Será que esses caras não tem vergonha? Como é que um compositor se presta a fazer uma bosta dessa?INTOLERANTE Junkie Careta! Você está confirmando a teoria do seu amigo anônimo! Tá vendo como ele tá certo?Depois dos dois primeiros sublimes versos, rimando Rafael com mel, decido desligar o rádio e abrir o vidro pra ouvir o som da cidade.

Passando pela litorânea para desanuviar a cabeça, logo desisto da idéia ao passar por uma série de bares. Whathehellisthat! Se aquilo não era o próprio Inferno de Dante eu não sei o que era! Centenas de pessoas com os carros ligados com a porta do bagageiro aberta, com cada um disputando com o outro quem tocava a pior música e o mais alto possível. Incrível como essas coisas podem acontecer! Há pessoas que realmente acham que o outro tem a obrigação de ouvir o que eles consideram bom! E tome, tome, tome (argh!) e dá-lhe : "olha a barriguinha" pra cá, "quem é o gostosão daqui" pra lá. Uma infeliz fica dizendo "minha periquita!" a cada segundo com uma voz estridente. Que porra é essa? Eu adoro rock, mas nunca abri o porta-mala do carro, na praia obrigando as pessoas para ouvir "anarchy in the U.K" dos Sex Pistols , ou o "Songs for the death" dos Queens of the Stone Age !Nem nunca obriguei ninguém a ouvir Bach ou Beethoven só porque me faz bem! Aliás, já repararam? Alguém aí se lembra de um dia ter parado num bar e, subitamente alguém chega e abra a porta do bagageiro e de lá ouve Tom Jobim bombando? “retrato em branco e preto”? Por que será? Tranco as janelas e volto correndo pros meus cds. Pet sounds dos Byrds me devolve a paz e logo o velho maestro encerra a tortura anterior me equilibrando com "Luiza".

No caminho de casa, já com a alma em paz, decido comprar um remédio, aconselhado pela garganta que começa a doer. Passando perto de um posto de gasolina eis que me invade o carro, uma confusão de sons parecidos com os que encontrei na litorânea. Baixei o vidro já curioso pra saber quem seria o gênio do marketing a fazer uma originalíssima festa num posto de gasolina e constatei abismado que o inferno de Dante tinha filial: Dezenas de carros parados, centenas de garotos e garotas bebendo e fumando(fumando em posto de gasolina?) vários encostados na bomba de gasolina, falando no celular (celular em posto de gasolina?encostado na bomba? o nome do negócio não é BOMBA de gasolina?) dessa vez com uma novidade sonora: guitarras com distortion no talo, garotos com a tradicional fardinha preta "olhem-como-sou-sou-rockeiro"( hair show) olhando pros forrózeiros com cara de poucos amigos, dizendo: " bando de playboy babaca" e os forrózeiros olhando com cara de nojo pra eles de volta, com cara de: "bando de roqueiro doidão". É interessante estar do lado de fora. Foi muito engraçado reconhecer a voz de Bruce Dickinson cantando "number of the beast" de um lado se misturando no ar com uma outra de um cidadão dizendo"beber, raparigar, fazer zueira, pra voltar não tem hora". A minha esperança na tolerância saiu abalada dali.

Sábado.

Perto de casa, depois de vários carros passarem por mim, tive a sensação de estar havendo algum congresso nacional de forró na cidade. Antigamente se um carro passava por nós com o som explodindo, era quase certo encontrar um garotão ouvindo "balanço" (adoro esse rótulo...) ou o poperô da época. É curioso verificar que, os playboys continuam, mais agora foram acrescidos por novos concorrentes: os tiozinhos com suas S10 e Rangers exibindo orgulhosamente o seu som, e novos universitários (já notaram que são sempre carros grandes? do tamanho de sua falta de educação e tímpanos?) e a trilha sonora da exibição agora é o tal do "forró muderno". Não sou capaz de diferenciar uma bunda, oops, banda, de outra, não tenho interesse nenhum em tal coisa, mas admito que o mercado de trabalho que eles abriram para novas profissões é extremamente importante para o reconhecimento dessas novas ocupações, sobretudo, a mais notória de todas: o apertador de testículos. Não conhece o profissional em questão?É aquele cara que fica nos estúdios exercendo o seu ofício para que o cantor consiga chegar naquelas "músicas" 2 oitavas acima do tom natural do cantor, e pra garantir que saia com aquele tom sofriiiido, muito comum nesse meio. Foram exportados do sertanejo onde já transitavam com um certo sucesso.


Começo de semana. Preguiça...Entrando no carro pra ir pro trabalho


― Nossa... Nação Zumbi! Que coisa essa banda... no limite.Pop mundial pronto pra ser consumido, original. Taí uma banda que soube dialogar com sua tradições sem ranço e fazer um som moderno, sem a postura purista e burra da maioria. Comparo(guardadas as devidas proporções, naturalmente) com o que aconteceu com o Joy Division com a morte do Ian Curtis. Conseguir sobreviver sem a presença do vocalista mito e continuar evoluindo foi uma prova de sua qualidade. Essa rádio me dá certeza que seria preciso muito pouco pra se fazer um programa que não subestimasse a inteligência do público, se houvesse interesse. Se cuida esquemão! Se liga jabacolândia, que a lastfm, o pandora e afins já deram o toque... As grandes gravadoras já agonizam com o rabo cheio de cds encalhados. Que bom poder viver nessa época e presenciar esse paradigma ser quebrado. Quem sabe um dia, deixarão de perguntar para o artista:
- E o cd? Quando sai?

Jorge Ben... os alquimistas estão chegando...que coisa...que violão espacial é esse?Alguém tire a guitarra da mão desse homem urgente e lhe devolvam um violão!Mais esperança... Saudade do "A Tábua de Esmeralda"” e “"Samba Esquema Novo". Perfeitos. Volta e meia, acabo ouvindo.

―Trânsito lento...como pode uma cidade desse tamanho ter tantos carros? Foda! Será que nas auto- escolas ninguém mais ensina que tem que dar sinal quando se vai passar?que porra!ligo o rádio...mudo o dial...blá,blá,blá. Mudo de novo. Um locutor fazendo aquele clichê “ovo quente na boca”. Ôpa! a versão da Rihana de novo! Quero ouvir o refrão... Amu você-ê--ê-ê-ê, mas você vai me perder-ê-ê-ê. Não aguento e dou uma gargalhada no carro tão alta que o carro do lado me olha com cara de: O que é que esse maluco tem? amuu-você-ê-ê-ê foi sensacional essa foi ó-com-cú, oops, sorry, hours concours. É séria candidata a pérola do ano. Nesse semáforo, vivencio uma cena sui generis. Um carro do meu lado(s10...) para e fica tocando um cara que fica chamando uma “Solanja” a cada minuto. Do meu outro lado, um outro(um celta!preto!) toca bem alto alguma coisa parecido com “chupa que é de uva” e um bar , na avenida, toca algo como “eu vou te dar de mamar-mámá-mámá, também conhecida por “melô da vaca”. Primeiro, a ex-Atenas Brasileira, virou Jamaica Brasileira e agora virou o clone da capital cearense, a Fortaleza brasileira. Fico absolutamente convencido, como diria nosso digníssimo presidente, que São Luís virou a Meca do "forró muderno”. Agora até os bares tocam Dvs dessas bandas com seus figurinos de Xuxa e músicas de eternos abandonos, coreografias cafonas, apologias chauvinistas. Quero fugir.

―Como quem entra na chuva é pra se molhar, ligo o rádio de novo. Vanessa da Mata e Ben Harper tocando, me devolvem a sanidade mental – A lição que essa moça deixa é muito proveitosa. Vanessa faz parte dessa geração que dialoga com o passado, e agrega essa referência pro presente, acrescentando a sua marca, faz um dos melhores e mais honestos reggaes que eu ouvi nos últimos tempos, desde o brilhante “a raça humana” de Gil. Melhor que uma centena de louva-Jah espalhado pelo Brasil, que citam seu nome sem saber absolutamente nada dele, do Rastafári, do reggae, engolidos pela mesma babilônia consumista do ideário reggae que Marley tanto condenava. Vanessa só perde pra ela mesma em reggae, no lindíssimo “vermelho” com uma cozinha de fazer inveja aos irmão Barrett. Vanessa Faz parte de uma geração nova que olha pra frente, não tem medo de experimentar, botar no mesmo microondas Massive Attack e João Gilberto, ou Portishead e Gilberto Gil como faz a excelente Cibelle. Ok, a Céu também é muito boa.

― De novo o Icaro? um rifle por favor! se esse rapaz disser que quer voar de novo, eu pessoalmente empurro ele do alto do Empire State.

Intervalo do trabalho.

― Pastelaria(tempão que não fazia isso,tô cortando as frituras..)Para tudo! Outra versão em forró da Rihanna? Como será esse refrão? lá vem...“pode ficar com ela-ela-ela-ela”... ah meu Deus... inacreditável. Escolha a sua.

―Então é isso que é o tal do créu?Putz!até que é levezinho... É foda esse tipo de coisa... O cara tá aqui dizendo na entrevista desse programa, que é uma coisa simples, que quando uma criança dança não tem essa associação com sexo como fazem os adultos, que isso não influência nada(jura?) então tá... Se é pra sacanear, porque não pôe a Dayse Tigrona que não faz firula e vai direto ao ponto sem medo de ferir qual é o papel que se espera de uma dama? A M.I.A já pediu benção, sampleou e até tocou com ela(Ouça aqui em alta velocidade). O que falta? O Caetano gravar uma versão pra uma pá de gente dizer que é “arte”. Aliás, Por que não se toca Bonde do Rolê? E o Cansei de Ser Sexy (CSS pros gringos), a banda brasileira de maior sucesso no exterior? Não tem apelo popular? Não tem jabá pra tocar? Ou não tem cultura musical, pesquisa, de quem deveria informar, como alguém muito bem lembrou aqui em um comentário? Burrice mesmo? Preguiça mental de quem programa as mesmas músicas a 300 anos? A tribuna está aberta.

―O Dj dessa rádio que adoooooora hip hop disse isso? Não acredito! Mais uma coisa muito engraçada em nossas programações de rádio e tv: permite-se coisas como "bifê de buças" seja tocada diariamente no rádio, odes aos cafetões, mas não se toca Dayse Tigrona, que é muito mais sincera e escrachada. Prefere-se a pornografia dúbia do forró/hip hop, ou então, somente a americana, porque mentalidade de colonizado é assim: a pornografia deles é melhor e mais bonita que a nossa. Duvida? Separei alguns pedaços do grande esse hit do 50 cent (que alíás sabe produzir como ninguém...) tocado diariamente nas maiores rádios do país: O cara já começa dizendo “vou te levar pra loja de doces, vou te deixar lamber um pirulito...” depois dispara pérolas, do tipo: “I melt in your mouth girl, not in your hands (sacou o que ele faz na boca da garota e não nas mãos, né? Got the magic stick (varinha mágica, é?) I'm the love doctor(love doctor…tô sabendo…). Get on top then get to bouncing round like a low rider(suba, é? low rider, humm…). Climb on top, ride like you in the rodeo(suba como se você estivesse num rodeio, é?). Soon as I come through the door she get to pulling on my zipper, It's like it's a race who can get undressed quicker (torneio de quem abre o zipper mais rápido, é? taí, vou sugerir pras próximas olimpíadas...) depois ainda vem dizer que a Dayse é pornográfica!Só por causa daquele singelo verso: “corre pro banheiro e vai tocar uma p* , eu dou pra quem eu quiser que a p* da b* é minha”. È muita hipocrisia! Vai entender...
E “Doggystyle”, do safado e outrora excelente, mas que já demonstra sinais de cansaço, o
Snoop Doggy Dogg? sabe o que é isso? pois é, é aquela posição que você tá pensando mesmo... e a desbocadíssima Missy Elliott? e as sacanérrimas Salt-N-Pepa? E a sacanagem kitschie de Serge Gainsbourg, hoje elevado à categoria de “cult” ? e a sacanagem cool do Portishead?(tá, eu sei, eles são muuuuito mais que isso, também acho, mas vai dizer que aquele climão não instiga os seus mais primitivos instintos? confessa... Não é ataque puritanista não, gosto de todos aqui citados, mas só to condenando essa hipocrisia de discurso que diferencia o que é pornográfico aceitável e pornográfico inaceitável. Meu Deus! Terá sido criada o xenofobismo sacanal? Sacanagem por sacanagem, prefiro o taradão do Marvin Gaye que sabia fazer um clima,com aquelas cordas celestiais, aquele swing(opa! tô falando da música!) um cara que propõe “cura sexua”l (sexual healing) e depois convida a garota pra “let’s get it on” na cara dura, com aquela desculpa esfarrapada, é um tremendo de um sacana que entende do traçado, vamos combinar!Até hoje essas músicas são imbatíveis no quesito acasalamento, quem já namorou ao som dele sabe exatamente do que eu tô falando. Ainda prefiro também deus Prince. O cara era tão pornográfico que o foi o primeiro artista a ter na capa do CD "parental advisory" , que é o que se usa pra dizer que aquilo tem conteúdo explícito, perigoso para menores de 18 anos. “Get off” até hoje soa ousada. Neguinho vai ter que fazer mais do que arriar as calças e dizer yô! pra chegar aos pés do pequeno gênio de Minneapolis.

―Se não é a Britney! - "piece of me"- Yeah! Britney rocks now!Agora que ela não é mais apologista do himem, tá "dadeira", casa e descasa com a mesma velocidade, cagou para o próprio mito pop descartável que virou ao se apresentar orca no VMA, tá bagaceira, eu quero um pedaço dela! Só não quero aquela parte de domínio público que ela exibiu porque tava bem feia na foto, mas aceitamos negociação. A clássica “música de produtor”. Puta produção! Isso é coisa do Timbaland, ele saca da coisa.

―Dilúvio na ilha. Contei 3 árvores no meio da pista e 4 batidas entre o vinhais e o centro. Preso dentro do carro, trânsito lentíssimo, só me resta ouvir rádio. A voz grave de Cássia Eller cantando “partido alto”, só me aumenta a saudade daquela figuraça. Que falta que ela faz nesse marasmo de cantoras comportadinhas! Parecem um monte de Sandy velhas!A saudade dói mais ainda quando ouço aquela outra moça da voz grossa que conseguiu me fazer enjoar "the Blower's daughter" do Damien Rice, transformando-a em : em não sei paaaaraaaar de te olhaaaaaaaaar, eu não sei paraaaaaaaar de te olhaaaaaar...Reencarna logo Cássia! baixa em alguma cantora médium e vem dar uma aliviada nesse panorama semi-estéril!. E a Cássia ainda tinha o bom gosto de gostar de mulher!

―Isso não é aquele locutor que “arrepia os pêlinhos do carpete” ? Mas isso é uma lenda! Acho que é um clone... Mas vejo que a escola fundada por ele é bem devotada. O cara começa a tocar Roberto da fase dos motéis. Tái outro sacana... Amanhã de manhã, vou pedir o café pra nós dois... Esse já soube fazer pop como ninguém, é o pai da criança em terra brasilis. Aquela fase soul dele, quando voltou cabeludo, maconheiro e funkeiro, é perfeita. Não tem quase nada errado. Foi rei por muuuito tempo, até começar a chutar lata, aí fudeu... Que pérola! Depois de dizer que ouvimos a “gostosa” música do rei, nessa chuva “gostosa”, e que o motel X espera você pra fazer aquele amor “gostoso”, fecha com brilhantismo, dizendo que o rei ao cantar “polariza todas as atenções do universo para ele”. Isso é uma coisa Kantiana! Sobrevivi ao dilúvio. Cheguei no trabalho.

―Não! Não pode ser! Mas essa Rihanna virou uma instituição! meus ouvidos incrédulos demoram a aceitar, mas eu estou ouvindo uma versão emo de ... umbrella! Hoje a noite pra tirar uma grana pra pagar o EP, vou fazer uma versão hip-hop, vou chamar a Legenda pra fazermos uma versão reggae, Fernandim pra fazermos a versão Jazz, Guilherme Raposo para fazermos a versão trip-hop, Jeff Soares para fazermos a versão Drum’n bass! Algum amigo por aí pra ajudar a fazer a versão hard rock? uma delas vai dar certa! ou todas! Vamos ficar milionários!
Com essa acho que eu vou dar por encerrada a minha pesquisa.

Parei.

Decidi parar a pequisa ali, já tava fazendo isso a uma semana. Não quero mais ser pesquisador, dá muito trabalho. Mas foi divertido, rendeu boas risadas, alguma surpresa, indignação em ver como a máquina funciona naquilo que em minha compreensão é o emburrecimento do público, a subestimação das inteligências e que invariavelmente me dão sempre vontade de citar o velho Marx. Na forma truculenta com que produtores e a moribunda industria do disco e da mídia atuam. Depois vem chorar dizendo que a rádio cada dia mais perde pra internet. Será que eles estão surpresos?Quem em sã consciência, vai largar de ouvir uma programação feita por si mesmo, ou escolher entre uma com uma variedade de opções que o mundo virtual oferece, moldados ao gosto de quem escolhe, informativos feitos por especialistas, amantes da música e curiosos, variedade, informação, entretenimento, cultura, para ouvir as mesmas músicas, as mesmas inflexões de voz, os clichês de repertório, a falta de pesquisa de sempre?. Aliás, curiosidade e informação são palavras que agonizam nesse meio decadente.Taí alguns poucos exemplos de opções que ridicularizam o modelo falido:

http://lucioribeiro.blig.ig.com.br/
http://blogs.guardian.co.uk/arts/
http://www.allmusic.com/
http://www.bbc.co.uk/radio1/rockindie/index.shtml

Isso sem contar os manjadíssimos myspace, youtube, palcomp3,trama virtual, etc... só pra citar os mais conhecidos.

Confesso que às vezes me assustei em ver como andam as coisas. De qualquer forma, as conclusões que cheguei foram:

Não acho que não gostar do que o outro gosta e expor isso, onde quer que seja, sobretudo numa página que é minha, possa ser caracterizado como intolerância. Se for, me darei ao direito de ser intolerante, embora não ache, já que eu não saio por aí fazendo apartheid cultural, agredindo, humilhando ninguém, até mesmo por que seria anacrônico, patético, prepotente e ridículo.
Viva a democracia que me permite, fechar o vidro do carro, a janela da casa e escolher o cd que eu quiser. Eu , por exemplo já peguei, pela milionésima vez, o meu do Morrissey "you are the quarry" e volto a ficar feliz dirigindo. Não sou melhor nem pior do que ninguém só porque tô ouvindo o velho Mozz. Tô mais feliz ainda porque o próximo da fila é o Bowie, depois os Undertones, o Tim Maia Racional, O LCD Soundsystem, O Libertines, a Dinah Washington, O "Cê tá pensando que eu sou Loki" do Arnaldo Baptista, O novão do Chemical Brothers, O b-sides da Bjork. Esse é o meu mundo, lugar onde eu me recomponho e me despedaço, me construo e me destruo, com as linguagens, expressões que me identifico e dialogo com o mundo. Também me dou o direito de não gostar do que não me fala pra inteligência e pra alma e expressar isso.Por personalidade e opção de estilo na maioria das vezes com ironia, mas jamais vou empurrar goela, ou ouvido abaixo, só porque é o meu melhor, como também não vou, em nome da tolerância, ser hipócrita e dizer que acho algo bom, sem de fato achar.

Viva a educação que me faz pensar: - "Pô, não vou incomodar o meu vizinho com essa música tão alta".

Viva o que você gosta e te faz feliz, mesmo que me cause repulsa, bem como o contrário. Eu acho o que você gosta deprimente, mas, te respeito. Você acha o que eu gosto estranho e sem sentido, mas a gente divide a mesma fila no posto de gasolina sem eu te violar com o meu suposto bom gosto e você não viola o meu com o seu.

Viva a diplomacia e a civilidade que nos permite conviver no mesmo espaço sem nos comportar como selvagens ou olhar com desdém para as escolhas que as pessoas fazem pra si. Pelo menos deveria. Viva a diferença.

Falei.

P.S: e aí na sua cidade, aldeia, roça, ilha, metrópole, país? É diferente? Qual é a candidata a peróla do ano até aqui pra você?