Monday, September 21, 2015


aqui nesse espaço vc vai encontrar um excelente blog


testando link personalizado

testando post de video


testando post de video

Wednesday, April 16, 2014

O QUE É ESSE TAL DE SERTANEJO UNIVERSITÁRIO? Tá em todo lugar. Onde você anda tem um outdoor te convidando, tem alguém twittando, propaganda na TV, chamada no rádio. E eu aqui sem saber nada sobre matéria tão complexa... Pedi ajuda para o São Google e para holy Wikipedia e descubro toda uma historicidade explicando que foi o terceiro movimento da música sertaneja (teve dois antes? meu Deus!) e os precursores são: João Bosco (meu Deus, até ele?) e Vinícius (até tu meu irmão, sangue do meu sangue? Até tu Brutus?). Descobri que o estilo surgiu quando muitos jovens, na década de 90, oriundos de regiões interioranas dos estados, ingressaram nas universidades. Com isso trouxeram seus violões e romperam definitivamente com o estigma do universitário que era associado ao rock in roll e às canções politizadas. Somaram a isso instrumentos modernos como guitarras, baixos, bateria e abandonaram as violas, e a mer... digo, a transformação foi feita. A minha teoria óbvia é que esses caras faltavam todas as aulas, especialmente as de português e literatura e iam encher a cara ou serem traídos para poderem se inspirar com tanta dor de cotovelo! Haja desconsolo. Diante desse histórico tão rico e partindo do ponto de vista que o sertanejo é universitário (wow!) e que o uso desse termo agrega um grande valor ao estilo, não consegui parar de me perguntar algumas coisas: Que universidade? Particular ou pública? Fez o provão do MEC? ENEM? Teve vestibular agendado? Fez o teste da OAB? Teve prova substitutiva? Qual é o próximo passo? Quando o sertanejo universitário perder a áurea de chique ou menos respeitável, o que vira? “Sertanejo Ensino Médio”? E se ele progredir na titulação, qual é o próximo passo? O “Sertanejo Com Especialização”? Depois o "Sertanejo Mestrado"? Na sequência o "Sertanejo Doutorado"? Até finalmente no Phd! Esse eu pago pra ver, porque se depender das rimas e da pobreza harmônica e melódica, só vão continuar nessa plêiade de intelectuais: Pena Branca e Xavantinho, Almir Sater, Renato Teixeira, Rolando Boldrin e outros doutores. Compare coisas como "O cio da terra" gravado por Pena Branca e Xavantinho, com letra de Chico Buarque e Milton Nascimento, gravado inclusive com Milton ("Debulhar o trigo, recolher cada bago do trigo...), ou "Tocando em frente" com Almir Sater (“Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs..." ) ou "Romaria" de Renato Teixeira ("sou caipira, pira, pora, nossa, senhora de Aparecida..."). Compare com todas as letras desse sertanejo atual juntas. Não dão nem metade de uma pérola como "Romaria". Fico com a impressão que desde que a música caipira mudou para música sertaneja, assim como duplas caipiras viraram duplas sertanejas, muita coisa se perdeu no caminho. As melhores coisas aliás. E pior, usando o discurso de “modernizar a música caipira” como justificativa. Modernizar, é? Há controvérsias ou eu é que tô jurássico? Vamos usar a mesma estratégia para resgatar a dignidade de alguns estilos? Vamos criar também o "Pop Universitário"? O Reggae Universitário? (pra lembrar para essa galera que reggae é mais do que uniforme da Jamaica e Oi-Oi-ô- e colocá-los para ouvir Marley, Burning Spear, Tosh, Joe Highs nos próximos 15 anos). Vamos aproveitar para exigir o “Político Universitário”! Aliás, acrescentar “universitário” para emprestar mais valor ao tag? Tá precisando de dignidade o rótulo? Compreendo que os rótulos de alguma forma ajudem, pra efeito de organização nas prateleiras. O que eu tô condenando são esses tags completamente estúpidos, que não tem nenhum fundamento. Na confusão dos rótulos, conceitos inconciliáveis foram colocados juntos na mesma panela, confundindo mais do que explicando. Mas, é compreensivo, eles fazem isso com pessoas também. É isso aí, um grande dia para todos, de nível universitário! (Artigo publicado na coluna do jornalista Alex Palhano e no jornal O Imparcial)

Thursday, August 11, 2011

BANDAS NO MARANHÃO: POR QUE O AVIÃO AINDA NÃO LEVANTOU VÔO?



O ano que passou foi esperançoso para o cenário cultural maranhense. Tivemos a discreta sensação de que o limbo cultural que nos empurraram foi sutilmente invadido por parte da cavalaria, salvando nossas vidas com shows memoráveis, especialmente para os amantes da música que não toca no mundinho alienado da maior parte da mídia massificada (me recuso a dizer “musica alternativa”, virou grife).

Tô falando daquelas bandas/artistas que insistem em se preocupar com bons textos, arranjos criativos, fugindo dos refrões fáceis, das onomatopéias, das letras ginecológicas. Vou destacar três shows: Autoramas, Mombojó e Ludov.

Só acreditei quando vi. O que parecia ser matéria exclusiva da pasta de santo Expedito (o santo das causas impossíveis), passou para o departamento dos milagres realizados, e, eles aterrisaram aqui na ilha de lost.

Também vimos a rediviva musa absoluta do underground, daquela que, em minha modestíssima opinião, é a melhor compositora brasileira de nossa música contemporânea: a ex-junkie, ex-porra-louca e agora garota-saúde: madame Angela Rôrô (jogue seus preconceitos fora, quebre esse seu Cd do mais novo hype da semana e vá ouvir sua discografia. Permita-se. Angela é tudo aquilo que você quiser).

Também vimos a promissora banda Tan Lan no Chez. A boa banda do sul, representante do prolífico celeiro que já deu para o Brasil um dos seus mais famosos manifestos, que sacudiu a cena brasileira nos 80’s, capitaneada por Edu K e uma das mais influentes bandas do Brasil, o Defalla que foi precursor de muita coisa antes que alguém pensasse,dialogando com as novas linguagens e experimentos da gringa com identidade nacional, além de fazer misturas geniais antes de fazer mistura virar franquia de sucesso a um tempo atrás e, hoje já parece ser fórmula exausta. O Defalla chutou a porta do barraco muito bem acompanhado pelo Graforréia Xilarmônica, Wander Wildner, Frank Jorge e outros bardos, num momento em que se precisava, oxigenando a música brasileira com irreverência e sonoridades novas. Descubra-os.


Correndo o risco de parecer puxa-saco, o Chez Moi foi responsável por dois, dos três memoráveis shows citados: o Ludov, banda impar no Brasil, que há tempos vem derrubando o muro da burrice que separa mainstrean da cena independente, mostrando que essa última pode ser também radiofônica e, também vimos o Autoramas, lenda viva da música independente do Brasil.

Ver a realização desses milagres me acendeu a esperança de ver São Luís ser incluída na rota desses grandes artistas que efervescem a música brasileira, especialmente o pop e o rock nacional contemporâneo. E aí acabei sonhando em ver por aqui: Cidadão instigado, Black Drawing Chalks, Los Porongas, Vanguart, Nevilton, Pata de elefante, Macaco Bong, Superguidis, Maquinado, Pato Fu, Cérebro Eletrônico. Jumbo Eletro, Retrofoguetes, entre muitos outros.

Também me fez lembrar da constatação que eu já tinha feito antes: a música não tem mais fronteiras. Veja os exemplos acima: Black Drawing Chalks é de Goiânia, o Vanguart é de Cuiabá (!!) Fernando Catatau e seu Cidadão Instigado são de Fortaleza (!!!) Superguidis é uma banda gaúcha e Los Porongas são do Acre (!!!!!!!!!). Agora não é só a produção cultural do eixo Rio-São Paulo que é reconhecida . O grande agente responsável por essa mudança é a grande rede mundial.

A preciosa ajuda da internet, deixou a organização geográfica da música brasileira à disposição do usuário da rede, à distância de um clique. De outra forma, como seria possível, há tempos atrás, ter acesso ao Los Porongas ? À propósito,em minha modestíssima opinião, entre as melhores bandas do pais, com arranjos e letras absolutamente acima da média.


Diante de tudo isso, a angustiante pergunta que não quer calar, é essa aí que você já concluiu:

POR QUE O MARANHÃO, POR QUE SÃO LUÍS AINDA NÃO MANDOU UMA BANDA DE EXPRESSÃO ROCK OU POP PARA O BRASIL?

OBS: Se eu to mal-informado e você conhece uma banda daqui, em algum estilo que eu não tenha ouvido, perdoe esse pretenso colunista bem-intencionado e pare de ler o artigo aqui. Depois, informe quem se deu ao trabalho de escrevê-lo e alguns que talvez se dêem ao trabalho de o ler.Se não conhece, continue...


Tá , eu concordo, o Excelente Zeca Baleiro é pop até a última fibra da camisa do MAC. Também sei que Luciana Simões e Alê Muniz fazem um trabalho de primeira, fazendo a musica do Maranhão flertar com o mundo, e seu Riba foi elogiadíssimo em muitas grandes publicações,mas, além deles, que outros artistas contemporâneos? E principalmente, o foco desse texto: qual BANDA?


Antigamente existia a justificativa que tinha que se deslocar para o sul-sudeste para dar certo. E agora? Se Fortaleza pode mandar Fernando Catatau e sua trupe, se Recife já mandou o manguebeat para o mundo, a Bahia já mandou Raul e recentemente a competente Pitty,que quebrou o clichê de que baiano tem que fazer axé music(aquele estilo cheio de onomatopéias, Iôiîôiô, Iáiáiá, letras de duplo sentido e aquelas rimas sensacionais...). Se até o Acre já mandou o Los Porongas (ouça essa banda),por que o rock e o pop que se produz aqui não se projeta?

Falta de qualidade? Falta de bandas? Falta de profissionalismo das que existem? Faltas de variedade de estilos ? Falta de coragem? De estratégias inteligentes?Falta de espaço que contemplem os estilos ditos alternativos?De apoio de empresários que dêem suporte? Iniciativa da política cultural?Falta de que?


Vamos pensar:

Falta de qualidade não é. Não tenho propriedade para falar do que veio antes de mim, ou do que não vivi. Comecei a vivenciar shows de bandas aqui em São Luis, quando voltei de Brasília, a partir de shows da competentíssima Alcmena. Parei, depois voltei com a empolgante Mystical Roots na época com a talentosa Luciana Simões e seus parceiros, que durantes seus shows já inseriam musicas autorais no repertório. Parei de novo e só fui me empolgar outra vez com a energia da General Purpose,pilotada pela pegada forte e sensível de Erico Monk, que hoje me dá o prazer de tê-lo como músico na mesma banda.A General Purpose,também recheava seus shows com canções autorais.Também ouvia falar da Daphne, mas nunca fui a nenhum show para poder falar algo.

Mais tarde, fui assistir a um show da Catarina Mina e virei fã. Aliás, desconheço em São Luis alguma outra banda anterior, que tenha feito com que as pessoas se deslocassem para ouvir essencialmente canções autorais de uma banda local. Nesse sentido, a Catarina é uma divisora de águas, apesar da modéstia de seus ex-integrantes.

De lá pra cá, tenho visto grandes artistas pop e rock aparecerem, grandes intérpretes, grandes músicos, excelentes homens e mulheres de palco, grandes vocalistas e em número menor, compositores.

Não vou falar de bandas que só tocam cover, sem desmerecer muitos excelentes músicos que há por aqui, e fazem seus trabalhos com muita competência e objetivo claro de entreter , o que não é nenhum demérito, muito pelo contrário. Só estou focando no trabalho autoral. Também não vou falar daquilo que por aqui se convencionou chamar de MPM, até porque , esses já tem quem os defenda (embora não consiga entender o rótulo, assim como não entendo a tal da MPB...). Entendo que a Pagina 57 é tão “MPB” quanto aquele artista que só gravou canções do nosso folclore popular. A explicação é muito simples e obedece a lógica empregada por um gênio injustiçado de nossa música: Lobão.

Vejamos: A página é um grupo teatral? Não. A página faz música.
A página faz música clássica? Erudita? Não. A página faz música popular (Ou alguém discorda que o rock não seja popular?)
É brasileira? Alguém duvida disso?Apesar da saia, desconheço que Ramires seja escocês!

Imagino que essa explicação/justificativa deva causar alguma discórdia.

Conclusão óbvia: Então a página 57 faz MPB ou, por conseguinte,MPM. Tô certo ou to errado?

Bandas e artistas já lançaram CDs, EPs e singles autorais, a exemplo de Pagina 57, Michael Boys Band, The Mads, Alexander (ex-Daphne), MR Simple, Nimbus (essa, por exemplo, lançou um Cd e DVD com um padrão acima da média, absolutamente elogiável ),Djalma Lúcio lançou um EP que reconfirma o seu talento, e até a banda que eu faço parte, a Radioteca já lançou vários singles, sem contar os artistas de inegável talento que também lançam singles, a exemplo de André Lucap. Esses são somente alguns exemplos que me vem à mente. Há muitas outras. Aproveite e deixe seu exemplo.

Já tivemos bandas em programas de massa (The Mads, Michael Boys Band e outras), Bandas reconhecidas no exterior (Nimbus) bandas com videoclipes em programas de ponta da MTV e bandas com bom número de acesso aos seus vídeos. Então, acho que temos qualidade para oferecer.Concordam?

Então vamos para outros pontos:

Falta de bandas: não é. No Maranhão, não e só babaçu que abunda (foi de propósito sim..). Por todos os cantos da ilha, novas bandas aparecem todos os dias, de todas as tribos.

Em uma nem tão distante iniciativa de organizar uma amostragem de bandas locais, foi constatado em pesquisa que há mais de 100 bandas do segmento rock ou pop em São Luís, sem contar as inúmeras outras que não são conhecidas. Isso seria mais do que suficiente para justificar até um “movimento”. Seja lá o que isso for. Seattle não tinha nem metade desses números e fizeram o grunge.

Falta de profissionalismo das que existem? Depende de até que ponto se refira a profissionalismo. Longe se vai o tempo em que as bandas de S. Luís , romanticamente ensaiavam somente em garagens improvisadas como nos velhos tempos. Hoje os músicos querem condições para poder ensaiar. A grande maioria das bandas hoje, aluga estúdios para seus ensaios. Conseguir horário para ensaiar nos mais estruturados estúdios de S. Luís, ta parecendo vestibular da USP!


Faltas de diversidade de estilos?Não creio. Hoje o cardápio de opções de estilos que temos por aqui é bastante diversificado. Do hip hop ao reggae,do hard rock ao indie, da MPB contemporânea à mais tradicional,do trash ao punk . Há opções para todos os gostos. Umas tribos maiores que outras, umas mais organizadas que outras, umas com points de encontro e outras sem nenhuma referência.

Há bandas de hip hop autoral reconhecidas e com credibilidade artística. Há bandas punks em S. Luís que sobrevivem há muito tempo, outras acabaram e ficou só o estilo. Desconheço trabalho autoral de bandas punk por aqui. Há grandes bandas de trash e death metal com grandes músicos com muita qualidade técnica e com trabalho autoral reconhecido.

Uma das mais organizadas tribos por aqui são as bandas de hard rock, que contam com um público fiel e amplo, com point de encontro e shows normalmente lotados e bem estruturados, com bons músicos e bons equipamentos. Desconheço trabalho autoral.

Há bandas consideradas indie (como a banda que eu toco) com um bom público e também fiel. Há trabalho autoral gravado e tocado em rádios e mídias digitais.

Há bandas de reggae de excelente qualidade (cito por exemplo, a Legenda, indiscutívelmente, uma grande banda ,com som autoral).

Há artistas solo de grande qualidade como André Lucap, Djalma Lúcio e Alexander (ex-Daphne) todos com trabalho autoral. Esse último com um bom álbum lançado.

É importante lembrar o conceito de música autoral que eu uso aqui: que tenham gravado, registrado suas próprias composições em single, EP, álbum ou em sites com música digital, como o myspace.

Aproveito para me desculpar se alguma injustiça foi feita aqui. O fato de eu não conhecer, não significa que o trabalho autoral da banda não exista. Convido esses músicos e artistas para aproveitarem e usarem esse espaço aqui para informar às pessoas sobre suas produções.
Então não venham me dizer que é falta de opções!

Falta de trabalho?Estrelismo? Não sei. Talvez para algumas bandas. Quando vejo bandas consagradas lá fora como CSS,Bonde do Rolê, O Tetine ou quando vemos o exemplo de sucesso nacional (com exceção dos engodos produzido pelas gravadoras e mídias (boys and girls bands nacionais e internacionais, a última moda do verão,e coisas afins), todos os que conquistaram seu lugar ao sol, tem uma história de luta, de correr atrás do que quer. Tomemos por exemplo a maior expressão pop(ou seja lá em que rótulo o queiram encaixar) do Maranhão,o talentíssimo Zeca Baleiro. Zeca conta a quem quer ouvir em suas entrevistas como teve que “ralar”, vencer todo tipo de dificuldades para chegar aonde chegou hoje. A lição que fica é : tem que ralar para chegar lá.Isso não cai do céu, custa esforço, às vezes muita renúncia,e, definitivamente vai custar que se saia da zona de conforto.Isso pode ser um processo doloroso,lento e gradual.Que se pense então se de fato tem se trabalhado, corrido atrás o suficiente.

E também tem uma coisa de estrelismo...
Já vi tanta banda deslumbrada, dar chilique porque esse mês os shows dela estão lotados ou por causa do suposto grande talento que supõem ter. Incabível para uma banda ou artista iniciante. Sobre esse tema não vou me prolongar porque é ponto pacífico que é ridículo.

É claro que não quero ser super-simplista. Somado a isso há muitos outros fatores como : o momento certo, muito trabalho, a sorte, talento, network, saber vender sua própria imagem, entre muitos outros pontos.Então, proponho a reflexão sobre as suposições aqui feitas.

"Excesso de romantismo" uma certa "ingenuidade","imaturidade artistica", apego ao ideário romântico do rockn'roll, "alienação"? e como resultado de tudo isso: Amadorismo? Essa é uma coisa pra se pensar...

É fato que quando se começa a tocar, vale qualquer coisa. Mas, não se pode culpar um baterista que investiu num pedal bom , em bons pratos para sua bateria ,pele, bumbo,caixa, que não a socialize com outros, que não empreste seus pratos, caixas e baquetas para ninguém que ele não conheça, ou a um músico que investiu 3,4,5, 10 mil reais(!!!) no instrumento dele,que o mesmo não queira tocar numa caixa da meteoro só pra provar que tem “atitude rockn’roll ”,ou em equipamentos caindo aos pedaços só pra provar que não tem “frescura” para tocar, ou ainda, que não aceite dividir o seu instrumento com meninos que tão mais preocupados em exibir a vasta cabeleira , fazer hair show, posar de rocker, espancando mais o instrumento, do que tocando de fato! E tome show em qualquer lugar! Sem nenhuma estrutura, sem som decente, tudo meio amador. Músicos não conseguem se ouvir, o público não consegue ouvir a banda. Mas tudo bem,“porque somos rockn’roll e tocamos de qualquer jeito,yeah!”. Já era. Acabou a puberdade.


Uso de outras estratégias para divulgação?dialogar melhor com a tecnologia? Sim e não. Embora haja bandas e artistas que ainda estejam presas(os)SOMENTE na idéia de fazer um CD e sair vendendo, como se essa ainda fosse a única estratégia para vender e promover seu produto, já há muitas bandas/artistas por aqui que já não vêem o Cd, ou a venda desse como única forma de promoção. Há bandas e artistas que já dialogam muito bem com um novo modelo e promovem seus shows em suas páginas on line, nas redes sociais, disponibilizam seus trabalhos para download gratuitamente. Atrevo-me a dizer que nesse sentido, a Radioteca se antecipou, pois desde seu 1º single já faz isso e também distribui os mesmos gratuitamente em seus shows.

Há também quem poderia ajudar, pessoas que detém poder junto aos meios de comunicação, mas ainda estão cristalizados naqueles modelos tradicionais de consumo e promoção de música,e, por não entenderem bem esse outro modelo(que já nem é novo desde os anos 60...) dificultam as coisas ou rejeitam.E, graças a Deus, ainda há aqueles que apóiam,que acreditam e sabem que temos trabalho de qualidade radiofônica por aqui com condições de figurar em qualquer set list de uma boa rádio do brasil.


Apoio de empresários que dêem suporte? É aqui que a porca começa a torcer o rabo...
Vou falar mais uma vez baseado na minha experiência. Não sou especialista, não sou jornalista,sou um mero vocalista e aprendiz de compositor, porém, pensador com o direito de ser crítico. Apesar de pedagogo/professor não usei nenhuma metodologia científica para ter essas impressões. São somente conclusões baseadas em minha vivência. É bem verdade que baseado nas conversas com meus amigos músicos, vejo que a minha fala não é isolada, as angústias costumam ser as mesmas, com poucas novidades.

Se não posso culpar um empresário de querer ter retorno com o seu investimento, ele também não pode esperar que bandas e artistas vejam a música SOMENTE como B.G para vender cerveja, aperitivos, comida e drinks. Até o entretenimento é coisa séria. Estão aí os americanos para provar isso.

A verdade é que há empresários e empresários. Por exemplo, há alguns que acham que esse papo de sustentabilidade é uma lorota, mesmo que o resto do mundo inteiro entenda que esse é um caminho que não tem mais volta. Há outros que acham essa conversa de responsabilidade social seja mero papo de intelectual, mesmo que seja consenso que empresa sem responsabilidade social estará fora do mercado daqui a algum tempo (isso se já não está). Da mesma forma há empresários que não querem correr riscos, preferem apostar nas mesmas fórmulas desgastadas de entretenimento, de cultura (aposto que você sabe do que eu tô falando). Compreendo que alguém goste de determinados estilos de música, só não compreendo que só haja determinados tipos de estilo, não haja opção para quem está fora daquele circuito. Não acredito que as pessoas possam ser assim tão uniformes. Vendo o Chez Moi lotado no show do Ludov, EM UM DOMINGO A NOITE ou vendo o circo da cidade lotado, cantando em uníssono com o Mombojó, ou ainda esse ano, vendo o show do velho Lobo com um bom público,e, mais recentemente vendo o show do Blues Etílicos, quase lotado,numa casa muito preparada e muita bonita que em nada deixa a dever para grandes casas no sul e sudeste maravilha, fico com a certeza que pode haver variação no cardápio cultural. Há publico para isso. Arte, cultura, entretenimento transcendem o status de mero B.G. Faltam empresários ousados, inteligentes, antenados com o novo,também que queiram correr riscos, apostar em artistas novos, investir no novo . De outro modo, a única forma de cultura no mundo seria visitar museus! ou pelo menos arriscar também nos de credibilidade artístisca reconhecida,porém sem grande exposição nas mídias tradicionais.

Vamos combinar que há coisas que só ainda existem aqui na nossa linda e querida ilha de lost ( e tome gravação de DVD!daquele mesmo estilo de sempre...). Seria necessário que eles (os empresários) conhecessem esses novos artistas daqui de S.Luís, fora da MPM,que já conquistou o seu espaço, que soubessem que há produção cultural fora desse circuito e que ela não se limita a artistas regionais ou brincadeiras folclóricas , com o devido e merecido respeito que os mesmos merecem. Há música autoral de qualidade em todos os seguimentos para todos os públicos.

Alguém talvez possa dizer que falte competência e disposição dos artistas e músicos para fazerem esses empresários conhecerem as suas produções. Talvez. Mais uma vez, eu só posso falar baseado nas minhas próprias experiências, e, nela, 9 entre 10 vezes que levei um projeto de single, EP,álbum para alguma empresa, a justificativa que recebi para levar um não foi: “Ninguém conhece esse tipo de som.Isso não vai dar visibilidade para a empresa” ou “Queremos artistas que valorizem as suas raízes”.Tô pra colocar uma raiz dentro do projeto pra ver se dar certo!Honestamente, tô de saco cheio desse discurso! É limitado, pobre. Por outro lado, também conheço amigos artistas e bandas que tiveram mais sorte. Fica aí a reflexão sobre o que fazer para essa interface acontecer,especialmente daqueles que possam ter sido bem-sucedidos..

Há muitos empresários também que não tem o mínimo de respeito por bandas de rock ou pop que tratam a banda como se estivessem fazendo um favor de deixá-los tocar em seus bares, espaços. A prova cabal disso são algumas propostas que artistas e bandas às vezes recebem. Propostas que no começo, até são de divisão por igual. Mas, basta que a coisa comece a dar certo que logo aparecem propostas indecentes que só favorecem um lado (o deles, claro). A Radioteca por exemplo, já recebeu proposta de tocar com 70% da bilheteria para o dono de um certo local, mais o consumo do bar, sendo que o som deveria ser contratado pela banda!É justa uma proposta dessa? E eu não estou falando do Credicard Hall...

Porém, nem tudo é ruim. Há exceções. É preciso que se diga que também há poucos, mas, bons parceiros, empresários inteligentes que tratam as bandas e artistas como devem ser tratados, que trabalham em parceria,que possuem visão, e proporcionam boas condições de trabalho para banda e artistas. E, quer saber? Sai todo mundo ganhando: artista, público, empresário. Todo mundo quer tocar na casa, todo mundo quer ir na casa. É bom pra todo mundo.

Falta de cultura autoral? Sim. É fato. O público de São Luís não tem uma cultura de receptividade à música autoral. Pelo menos no segmento rock/pop. Me corrijam se eu estiver errado, por favor.Não sou dono da verdade.

Se você vai em Sampa,no Rio, em Goiânia,no Acre(!!!!!)há um clamor que você mostre o que faz. Por aqui, a coisa definitivamente não é assim. Culpa das bandas que não insistiram o suficiente? Falta de coragem? Talvez. Há várias desistências no front por falta de empatia do público. A conta apresentada pelos empresários é muito simples: se você só toca sua música autoral, mesmo que de qualidade,o público acaba evitando, se não há público o empresário não vende, se não há venda, não há como pagar a banda (pelo menos, esse é o argumento apresentado por eles, esses estilos de empresários). Normalmente o que acontece são três coisas: ou a banda se amedronta, se cansa de nadar contra a maré e passa a tocar só cover, ou só toca “o que a galera gosta” ou utiliza de estratégias para se fazer ouvir, como por exemplo, misturar suas músicas em meio a suas influências, contidas em seu repertório.Há quem critique. Há quem ache uma estratégia inteligente.

Outro fenômeno que acontece é que alguns se desestimulam por não haver receptividade com seu trabalho autoral e não se contentem em tocar só cover e desistem.

Algumas vezes, já ouvi o seguinte argumento:

- Mas a Catarina Mina deu certo aqui, nas proporções que podiam ter! Então é falta de bolas de vocês!

Eu não sou um estudioso do assunto, não sou cientista social, não sei explicar os fatores que colaboraram para isso além do notório talento dos Catarinos. Quem souber que apresente. Aproveito o espaço para quem sabe,convidar alguns membros do Catarina também a somar à essa discussão,ensinando, orientando, pensando junto por aqui.

Iniciativa da política cultural?Talvez. Sim e não. Se você compreende política cultural como a possibilidade de viabilizar projetos a artistas para se candidatarem a um incentivo/realização de um determinado produto cultural, seja Cd, exposição, publicação,eu imagino que o espaço esteja aberto a todos de forma democrática (corrijam-me aqui se eu estiver errado).Agora, se você entende como ações organizadas para promoção,divulgação,amostragem de determinadas produções artísticas, a resposta é um sonoro NÃO. Diz aí pra gente, qual foi o último projeto/festival que você foi ou ouviu falar, contemplando o que se produz de rock ou pop no MA? Ouço falar de festivais de música maranhense, mas dificilmente ouço falar de algum projeto fora do segmento MPM. Não vejo nenhuma iniciativa de mostrar a produção Rock/Pop ou mesmo uma abertura em quebrar essas cercas que separam esses rótulos, como pelo menos, um festival onde houvesse todos os estilos contemplados, onde se pudesse ouvir do pop ao côco(olha o Boca de Lobo aí gente!). No fundo, acho que a melhor coisa é pensar em música, não em rótulo. Só tenho usado aqui os rótulos como referência, porque essa separação existe na prática.

Nesse momento, eu me sinto na necessidade de fazer um grifo pessoal: tenho a impressão que existe um certo preconceito como o rock e o pop por aqui. É uma coisa velada (às vezes nem tanto...) do tipo: Isso é coisa de adolescentes, sem cérebro. É como se não houvesse credibilidade artística neles.
Para esses, deixo a seguinte reflexão:

Existe algum mortal que goste de arte, de boas letras, de canções, que seja capaz de não reconhecer a genialidade de um Chico Buarque ou de um Tom Jobim? O problema é que: é como se bons textos fossem coisa restrita à MPB e seus cognatos. É como se arranjos criativos, originais, fossem propriedades exclusivas de Jazzistas, MPBistas ou a quem se atribua defensor da sua própria cultura ou traga elementos explícitos de regionalidade em sua obra. É como se qualidade de canção SÓ FOSSE possível com complexidade de harmonias, exaltações à brasilidade, concretismos estilísticos, pós-modernidade e sofisticação textual, contemplações sobre a natureza ou terra natal,condenação ao regime militar e à ausência de democracia ou odes à musa ideal, exaltações às raízes culturais. NÃO ESTOU CONDENANDO NADA DISSO, só estou dizendo que a coisa NÃO SE LIMITA SÓ A ISSO. É como se pop e rock fosse coisa pueril, fútil. A essas pessoas eu recomendo que ouçam Beatles (a partir da fase psicodélica, por favor), Beach Boys, Velvet Underground, Bob Dylan,Leonard Cohen, Placebo, Pulp, Smashing Pumpikins, Alanis Morrissete, Fiona Apple,Radiohead, Mutantes,Renato Russo, Cazuza, Arnaldo Antunes,Los Hermanos, entre muitos outros.Se essas pessoas perdessem seus preconceitos e se dessem ao trabalho de conhecer esses artistas ou se permitissem mais,encontrariam muitas das qualidades requeridas ou muito mais.


Falta de união entre as bandas?Intolerância entre elas?Clubes da Luluzinha, do Ozzyzinho?do Hardzinho, do Indiezinho?A resposta é sim.É parente legítimo do pessoal que se diz defensor da "legitima música brasileira" ou da "legítima musica maranhense". Sinto isso na pele, e, mesmo entre os meus amigos, percebo essa ridicularização do estilo de música que o outro gosta, essa discriminação (naturalmente, isso me inclui), ou então essa coisa patética de banda “que tá na mídia”, e banda”que “não ta na mídia”, banda que tá “no mainstream”(mainstream em S.Luis? Fala sério...) e banda que “não tá no mainstream”. É uma espécie de etnocentrismo, que limita, separa e não agrega nada para nenhuma das partes.Vejam os sertanejos, por exemplo, sempre chamando outros, fazendo seus shows juntos.Isso poderíamos aprender com eles. A estratégia é boa, inteligente e agrega valor a todas as partes. O público da minha banda conhece o teu público,o público da sua banda conhece o da minha.A troca seria interessante para todos se não houvesse hostilização entre as partes envolvidas, se houvesse mais tolerância, mentes mais abertas. Todos lucrariam com isso..


Mas não adianta ficar aqui só reclamando, apontando erros. E saídas? O que pode ser feito para mudar isso?

Saídas

Eu acho que há muitas alternativas, vou me deter em algumas delas, baseado no que tem se demonstrado ser efetivo no Brasil. Vejamos:

O Brasil revive um momento muito interessante de efervescência cultural com os festivais. Não me refiro a festivais competitivos, como já foram um dia, ou aos de grandes marcas. Refiro-me a festivais independentes, enquanto amostragem, panorama das produções em nível local e nacional. O Brasil explode de festivais já faz algum tempo, já quase chegando à exaustão.Confira alguns exemplos:


O já tradicional Abril Pro Rock, o JUNTATRIBO em Campinas,O BHRIF (BH),o HUMAITÁ PRA PEIXE (RJ),o SUPERDEMO (RJ), o BiG (Curitiba), O Goiânia Noise (GO)entre os mais sólidos.O último citado, é hoje o maior festival de música independente do país.Mas o que isso tem a ver com incentivo cultural? Você pode talvez estar pensando: o estado não tem nada a ver com isso! Ledo engano, meu amigo. Segundo informação da revista Rolling Stone, na edição nº04, de 2006, o Abril Pro Rock custou cerca de 720 mil, sendo que ¼ desse valor veio do apoio que o governo de Pernambuco fornece desde 1995(!!!). Outra Parcela saiu da Petrobras. A edição do Goiânia Noise de 2007 custou na época 300 mil, dos quais 1/3 saiu da lei de incentivo cultural.

O ACRE- FESTIVAL VARADOURO , também teve o apoio do poder público.O festival foi orçado em 140 mil reais, dos quais 100 mil foi bancado pelo estado, através da fundação Cultural Elias Mansur. Nesse momento vale fazer um comentário importante: todos esses festivais revelaram diversidade musical, mas só deram certo porque a platéia já está impregnada com cultura de música autoral, do tipo que conhece e canta as músicas junto com a banda. O Los Porongas, por exemplo, tinha somente um EP com 6 músicas quando se apresentou no Varadouro, com o público cantando suas músicas do começo ao fim.A banda já tem sua importância reconhecida dentro da música independente nacional em todos os veículos especializados . Então, fica provado que se houver vontade política de quem rege as políticas culturais, a coisa fica mais fácil de acontecer.

É importante frisar que estamos falando de uma coisa articulada, do somatório de forças como bandas, zines, blogs,lojas especializadas nesse público, etc... E eu estou falando de festivais independentes,, não confunda com festivais de marca(Hollywood Rock, o Rock in Rio, etc...) com interesses voltados somente para o maisntrean. E se você duvidar da importância desses festivais para a revelação de novos talentos, cito só alguns exemplos de músicos/artistas que foram projetados em festivais assim: Raimundos. Paulinho Moska,Mundo Livre S/A,Planet Hemp, Chico Science e Nação Zumbi. Tá justificado, né?
A coisa é tão organizada que já tem até representatividade (ABRAFIN- Associação Brasileira de Festivais Independentes).

Por aqui, boas iniciativas já foram feitas a exemplo do festival Pras bandas de K, Na Mira do Rock, e mais recentemente, o Balaiada, onde bandas locais puderam de alguma forma, mostrar suas produções.

Mais alternativas

Uma iniciativa que merece que se pense, chegou ao meu conhecimento em um artigo que li (me desculpem, realmente não lembro a fonte). Nesse artigo, explicando o sucesso da música baiana no resto do Brasil, mais especificamente no axé (...),o autor coloca que, uma das grandes razões do seu sucesso , tinha sido o fato que , visando valorizar o artista local, foi determinado que deveria haver uma porcentagem de música baiana a ser tocada nas rádios, não me recordo se 15% ou 20% das programações. Isso, maximizou o conhecimento da população às produções locais e,fortaleceu a relação de intimidade do público com seus artistas prediletos e suas produções e, na extensão dessa ação,para os estados vizinhos também, fazendo uma espécie de efeito cascata nas regiões vizinhas que por sua vez multiplicavam para as outras. O resultado disso, para o bem ou para o mal foi a superexposição das produções baiana até a exaustão(eu por exemplo tenho enxaquecas se ouvir qualquer um dizer: “tiiiiira o pé do chãããããããão!!!!)

Embora eu ache que essa medida pareça arbitrária, e, tenho medo e não acredito em nada que seja imposto, dado os descontos, penso que seria uma boa estratégia para se DISCUTIR.

Sobre recepção em rádios, por experiência própria, sou sempre bem recebido por gente inteligente e antenada em duas rádios aqui no MA quando vou apresentar trabalho novo, embora,algumas vezes, eu ainda veja a desconfiança em relação a divulgação de singles ao invés de Cd e em algumas situações eu tenha precisado insistir pra convencer que um single é também um produto artístico e não somente um Cd inteiro o é. Não acho que convenci,mas, ouço as músicas tocando. Isso é sinal de que as pessoas estão abertas a novas propostas, ou, se não novas, diferentes propostas, já que a divulgação de singles não é exatamente uma “coisa nova”, desde os Beatles!

Se mais rádios fossem parceiras, se fossem feitas mais interfaces para que os artistas tenham acesso a esse jeito mais tradicional de se divulgar música (sim, eles ainda tem o seu papel), seria bom pra todos. Ouço boas e louváveis iniciativas isoladas em programações específicas e outras que, também, inteligentemente diluem as produções que se fazem por aqui no meio de bandas e artistas nacionais. Isso também é bom porque não “guetiza” ou sectariza o que se produz aqui em relação ao que se produz no resto do país. Em minha opinião, ambas as iniciativas são necessárias e tem seu papel.


Também já fui sondado sobre fazer um programa de rádio/ TV falando e tocando somente as produções locais.Ainda não saiu do papel.


Uma outra boa iniciativa é investir nas mídias digitais, na criação de mais programas especializados. Mais iniciativas como o Live Rock Cam(criativa e ousada), poderiam fortalecer a divulgação das produções locais e descentralizar dos modelos tradicionais.

Me pergunto se o exemplo do Acre não é digno de ser seguido. Em conversa com os integrantes do Los Porongas em São Paulo, soube que uma das razões que também ajudaram nesse bom momento vivido na cultura de lá, é que um dos representantes eleitos é ferrenho defensor da cultura independente na cidade e é músico de banda. Isso deu representatividade às outras "tribos" quando se ia pensar e discutir investimento e política cultural. Acho que isso também poderia ser mais uma boa alternativa.

Não foi o objetivo desse artigo, pleitear uma carreira política. Mas, eu já teria um candidato para indicar.

Também entendo que todo movimento ou ação cultural, para que apareça, é necessário a força de um articulador ou vários. Basta olhar para a história do pop, do rock, do punk, que em algum momento você vai encontrar esse individuo ou indivíduos. Glen Matlock, Andy Warhol,Renato Russo, foram exemplos de indivíduos com esse poder agregador, essa capacidade de articular pessoas e colocá-las em grupo, organizá-las. Particularmente, acho que já temos esse representante, esse líder natural por aqui.

Além disso, toda a história de movimentos, em algum momento ou outro, precisa de locais, de um QG, de espaços como referência. Basta lembrar da importância do Circo Voador para o rock dos anos 80, do Whisky a Go-Go e do CBGB para o movimento punk/pós-punk, da Factory de Andy Warhol para o art-rock e suas muitas vanguardas de arte musical e visual. Também já acho que temos esse local. Se duvidar, temos mais de um.Se quisessem,se houvesse articulação e interesse, a coisa fluiria mais facilmente.


O fato é: ou se pensa em saídas para essa situação ou ela já está resolvida e teremos de concordar com aquela piadinha que diz que a melhor saída para a nossa cultura é o aeroporto Cunha Machado (atualmente, eu nem acho que vale a pena passar por lá.

Não foi a minha intenção ao escrever esse jornal (!!!), dar soluções definitivas e nem acho que as aqui sugeridas sejam soluções que possam dar certo isoladamente, elas só poderiam dar certo se articuladas, pensadas e somadas a outras idéias, iniciativas. O objetivo aqui foi pensar, discutir idéias para que alguma coisa possa ser feita a fim de promover a qualidade das produções de artistas e bandas de talento que permanecem sem o merecido reconhecimento que poderiam ter. Não tenho a pretensão de me sentir autoridade, sou somente mais um representante no meio de tantos outros por aqui, e, tampouco sou especialista ou letrado no assunto.


Se as informações aqui estiverem equivocadas, corrija-me, acrescente, some, informe-nos.Dê a sua contribuição. Critique. Pense. Articule. Mobilize-se.

Não dá mais para ficar parado.Já faz tempo. Já passou da hora.


A tribuna está aberta.



P.S: Depois do fechamento desse artigo, Já vi o show do Black Drawing Chalks e depois, o do Blues Etílicos numa das mais bonitas casas de show que já vi por aqui. Também vi Luciana Simões e Alê Muniz terem seus talentos reconhecidos em premiação nacional.

Em visita à Mad Rock(um dos ninhos dos aficcionados de rock da cidade) fiquei muito feliz em ver que já há várias bandas gravando em estúdio ou com material já gravado de vários estilos: do hard rock ao indie, do pop-rock ao trash, bandas e artistas que tem a MPB como referência. De todos esses estilos, me pareceu que aquele com o número de produções em maior prevalência, é a tribo do Death Metal.


Bandas como Cremador, Tanatron, Veltnez,Garibaldo e o Resto do Mundo,Diamante Gold, Jack Devil,Glock Adventure, Megazines,Fúria louca, ou já lançaram suas produções ou estão em estúdio gravando.


Peço, mais uma vez que bandas e artistas não citados, aproveitem essa discussão aqui proposta e usem esse espaço para falar de suas produções.


Parabéns a todos!


Este post permanecerá aqui por 15 dias, para que o máximo de pessoas possam discutier, opinar,dialogar.



Grande abraço

Nivandro
Vocalista da banda Radioteca





Friday, September 17, 2010

BIG MOUTH STRIKES AGAIN



Moz voltou de novo! e em grande forma!
E para acabar com esse clichê babaca de que é um eterno homem "fenfível", mas que não tem bolas, ele bota a cara, ehrr, a bunda pra bater!
Como assim junkie Careta?
Explica-se:
Dentre as muitas versões que abundam(oops!) na imprensa britânica, eu vou ficar com a melhor história(porque na arte, uma boa história costuma ser melhor do que a verdade).
A gravadora de Morrissey,lançou uma coletânea caça-níquel: Morrissey-Greatest Hits, à revelia da vontade do cantor e compositor, que, frontalmente condena essas atitudes onde as gravadoras parecem querer demonstrar que são as donas da propriedade intelectual do artista e, fazer o que bem quiser com sua arte.Ele já tinha cantado isso em "Frankly,Mr. Shankly". Mas, senhores e senhoras, estamos falando de Mr.Morrissey, que não se pode dizer que seja um homem sem bolas!estamos falando do homem que fez com que os djs ingleses se vissem obrigados pela pressão dos fãs, pelas inúmeras ligações, a tocar em suas rádios uma canção cujo refrão dizia "hang the dj, hang the dj"(enforquem o dj, enforquem o dj!).A canção chama-se "panic", é claro, você sabe. Morrissey disse que não aguentava ligar a Tv e ver tantas catástrofes pelo mundo e depois ligar o rádio e ouvir todos aqueles djs alienados, vivendo numa bolha colorida,com aqueles jargões pré-fabricados ,onde a vida é sempre alegre, linda,naquele mundo de fantasia onde tudo é vibe, vibrações positivas, onde o sol está sempre brilhando e as pessoas estão sempre em praias paradisíacas, dourando seus corpos e paquerando.Não é a toa que ele, entre muitos outros , ganhou o título de "bocarra", ("big mouth"),"desbocado". Uma das marcas registrads de The Moz sempre foi sua acidez, ironia e não ter papas na língua( e, tudo isso sem uma tatuagem, uma caveira em nenhum lugar do corpo, sem dizer um "fuck you", sem ter brigado com ninguém, quebrado a cara de ninguém...)É que pra Moz sempre "cagou" pra clichês de rocker, embora seja um dos maiores exemplares do sentido real do nome.E, por favor,não me venham falar de "atitude", essa grife da loja rockn'roll(já condenado aqui veementemente em um post).Enquanto seus detratores o ridicularizavam sempre, por sua suposta homossexualidade,porque Moz é muito"sensível" pra ser homem,(como se isso fosse algo condenável)enquanto eles exerciam sua homofobia e intolerância, ele fazia e faz aquilo em que é mestre:canções devastadoras, de uma verdade sempre cruel, embaraçosa,constrangedora,franca,irônica. Não tem medo de ser frágil, por mais que isso vá de encontro ao clichê que envolve o imaginário de um roqueiro.Sempre achei que Morrissey é o Caio F. do pop, pela capacidade de dizer coisas que poucos diriam e te comover ao ponto da convulsão emocional.

Sim, Junkie Careta, é o álbum que você começou falando?Oops...sorry...me empolguei.
Continuando...

Pois bem, enfurecido pela atitude da gravadora, Morrissey disse que queria ser responsável pelo menos pela contra-capa.E, pra surpresa de todos e para o desespero dos donos da mesma,veio com o mais improvável possível:você abre o álbum e,ilustrando a contra-capa dos greatest hits de Morrissey, senhoras e senhores, apresentamos(clarins!!)tântântântan! a intelectualíssima... bunda de Mr. Morrissey!
Sim, você não entendeu errado. Está lá: a intelectualissima bunda branca do bardo dos Smiths!e para não deixar dúvida de quem seja a bunda, está lá escrito: "Morrissey's arse photographed by Jake Walters". Um desbunde de contra-capa,(oops, I did it again, como diria a Phd, Britney Spears).

E se você acha que já foi o suficiente, observe o mordaz pun (trocadilho), tipicamente inglês: Escrito em cada uma das bochechas da bunda de Mr Moz,em uma referência sensacional ao seu talvez melhor trabalho solo da década de 90, que o reergueu das cinzas,o álbum Your arsenal,com a participação do brilhante guitarrista Mick Ronson,que tocou nos melhores trabalhos de Bowie na decada de 70(apresentado pelo próprio),lê-se: your arse anall.Nem precisa ter concluido aquele seu curso de inglês para sacar a ironia fina do gênio.Isso causou um verdadeiro bundalêlê na imprensa britânica, como diria o nosso brilhante latino. Pra você ver que bundão,é uma instituição internacional(oops, de novo...)E se você continuar, na outra foto, você vê Morrissey e todos os músicos nús, com um Lp de tapa-sexo.Explicação de Morrissey: "já que eles são os donos da minha bunda, que façam bom proveito!".

Ver esse senhor aos 50 anos ainda ser capaz de tirar sarro de sí mesmo,da industria do disco e da parte conservadora da imprensa britânica(que o esculachou como sempre, é claro...) é sensacional.
É por essas e por outras que ainda sou mais o velho Moz do que 10 novas bandinhas descoladas dessa semana, que ninguém vai mais lembrar o nome no próximo ano. Já o Morrissey..Esse já tem seu capítulo garantido na história da música mundial em quem quer que queira falar na arte de compor uma canção.

Viva Moz!

Thursday, September 16, 2010

ON THE ROAD AGAIN

Àqueles amigos que durante tanto tempo bravamente,incrivelmente, surpreendentemente apareciam aqui por esse blog abandonado.Aos passantes que encostavam para dar uma checada, atraídos por uma razão qualquer. Àqueles que vieram por aqui recomendados pelos amigos , principalmente, aos vários amigos feitos por causa desse blog que , transcederam a esfera do mesmo e passaram para outra esfera mais pessoal, na troca de e-mails,Msn,ligações, outros até virando verdadeiros amigos virtuais espalhados pelo país(alguns até internacionais!!!), rejeitando o axioma de que amizade virtual é fantasia.

A vocês, obrigado pela generosidade sempre presente.Alguns mais generosos,demasiadas vezes, ,até insistindo que eu voltasse a escrever. O meu muito obrigado.Obrigado pelo carinho em passar por aqui e se dar ao trabalho de compartilhar comigo sobre assuntos variados, de alguma forma quase sempre relacionados com essa paixão irracional da minha vida: música. São opiniões, pesquisas de mais de 15 anos de observações, de coleta, de leitura de tudo que é fonte, de muita curiosidade.Esse espaço andou parado por muitas razões, de pessoais a profissionais e, agora vai retornar , nem que seja para honrar a generosidade dos únicos 4 amigos que ainda me restaram e me seguem, ou para me dar o simples prazer de me comunicar, nem que seja só comigo mesmo.

Junkie Careta vai voltar repaginado, mais dinâmico e mais ágil, com excessão das matérias especiais(aguardem a especialíssima, sobre a maior banda de todos os tempos). Agora virá mais em drops de informações e opiniões, sem perder a consistência.Eu simplesmente rejeito a idéia de que, quem frequente a blogesfera não consiga se deter em algo que não seja curto, que qualquer coisa que tenha mais texto já seja descartado. Eu me recuso a achar que na blogesfera um pouco mais de subjetividade não seja aceita, a não ser que vc seja um medalhão intelectual ou cultural relevante(entenda-se por "pessoa conhecida",por uma boa razão ou não).

Eu volto a escrever,principalmente porque me divirto fazendo isso e, tanto tempo de leitura e curiosidade me dão a impressão que tenha alguma informação relevante para os amigos amantes das artes como eu.

Até já

Junkie Careta on the road again!

Enjoy the ride!

Thursday, July 24, 2008

MÚSICA É HISTÓRIA



Meados da década de 90, uma mulher chega em casa cansada de um show, o marido ficou em casa. É um casal moderno(medo...).De manhã, o marido, surpreso, repara que há uma marca estranha na mulher.Chega mais perto e confirma: sim, aquilo era uma MARCA DE DENTE.E não era uma marca de dente em qualquer lugar, era uma marca de dente na BUNDA. Eu disse BUNDA mesmo!

E como é que se explica uma coisa dessas?

- Jura, não vi..

- Quem botou esse dente aí?

- Amor é o seguinte, caí sem querer na boca de um amigo...

Conclusão: Traição. Aí meu amigo, não há modernidade que aguente. Em vidas comuns como a minha e a sua, isso já seria motivo pra escândalo e separação, agora imagina se isso acontece na vida de dois ícones do Britpop!Pois é meus queridos leitores, o casal em questão é nada menos que Damon Albarn do Blur(uma das melhores coisas que a música britânica pariu na década de 90) e Justine Frischman, vocalista do Elastica (boa banda pra levantar uma festinha e sensação do da época)! Tá pensando que a coisa parou por aí? E se eu disser que a dentada em questão vem simplesmente da boca de Brett Anderson, o melhor letrista da musica inglesa desde Morrissey, até Jarvis Cocker do ótimo Pulp e Brian Molko aparecerem pra concorrer. Brett era vocalista do Suede(uma das minhas bandas prediletas e certamente uma das melhores Inglesas).

Recaída. Sabe aquele negócio que acontece quando uma situação termina mal-resolvida? Explica-se: Justine tinha sido uma das guitarristas da formação inicial do Suede e até deu o nome da banda (o título vem de uma música de...Morrissey , claro! "Suedehead", quer dizer "ambíguo", titulo perfeito pras letras ambíguas de Mr. Brett, que, by the way, era muuuuito ambíguo e dormia com uma foto de Bowie debaixo do travesseiro. Ah, eu ia esquecendo, ela também foi namorada do Brett na época... "Animal lover" foi feita logo que Justine o trocou por Damon e fala sobre o mesmo na letra. Aí, sabe como é aquela história: situação mal-resolvida, a sexy-princesa-bagaceira porra-louca do Britpop não resistiu aos apelos sexuais do bonitão andrógino e não deu outra. Aliás, deu. Ela deu. Desnecessário dizer que os tablóides britânicos deitaram e rolaram com a história explorando o acontecido à exaustão. O histórico ódio do Oasis pelo banda (e vice-versa) ganhou uma contribuição, um prato cheio para os irmão Gallagher sacanearem o bom moço Damon. Eles foram tão cruéis que chegaram a dar uma entrevista com uma camisa escrita "I bit her too”(eu também mordi). E Justine? bom, ela vendeu mais discos ainda. Quem não conhecia, acabou ficando curioso em saber quem era a mulher que tinha seduzido dois dos maiores ícones do britpop, objeto de desejo de 9 entre 10 Inglesas.

A pergunta é: e o Damon? Aí é que entra o título desse post...

Qualquer mortal comum nesse caso, tem uma depressão, toma vários porres, bota um Portishead no Cd, no MP4 ou no Ipod e vai drenar a dor, ou ouve Lupiscinio Rodrigues até secar o olho, Ouve Dolores Duran até ficar com pena de si mesmo, ou vai pra algum show do Reginaldo Rossi e canta "garçom" junto com ele até cair no chão. Mas o que fez o talentoso Damon? o que sabia fazer de melhor: música. Transformou sua dor em arte para os mais sofisticados. Não demorou muito e as rádios já ouviam o single da lindíssima canção
"no distances left to run", retrato perfeito do que significa ser abandonado:

"It's over/you don't need to tell me//I hope you're with someone who makes you feel safe in your sleeping tonight/I won't kill myself, trying to stay in your life/I got no distance left to run/When you see me/Please turn your back and walk away/ I don't want to see you Cos I know the dreams that you keep is wearing me"...



Mesmo assim o moço ainda no tinha exorcizado o fantasma, e fez um CD inteiro girando em torno do tema, o experimental, belo e triste "13".É importante lembrar que tempos depois, Damon afirmou que o motivo da separação entre os dois teria sido o abuso de drogas por parte de Justine e também o fato dela não querer ter filhos. Já as más línguas dizem que os reais motivos foram as puladas de cerca de Justine com Brett Anderson e as famosas marcas de mordida.

Damon, tá de bem com a vida até hoje, encabeçando dois projetos vencedores, o divertido Gorillazz e o ótimo The Good the Bad and the Queen. Brett, depois tentou voltar com o semideus da guitarra e guitarrista original da banda,Bernard Buttler (chamado na época de o novo Johnny Marr, por causa de seu inigualável jeito de tocar, inspiradíssimo no Glam rock(leia-se Bowie e Marc Bolan). Eles formaram a banda The Tears (vale a pena ouvir pelo gostinho de Suede) que ainda fez dois Cds e acabou. Justine anda meio sumida, depois das várias acusações de plágio, a talentosa e sexy musa ainda ostenta no currículo a vaidade de ser objeto de inspiração de dois dos mais importantes álbuns britânicos da década: o já citado "13" do Blur e o homônimo do Suede.

Continuando no mesmo tema, vamos dar um salto de 30 anos pra trás:

A nossa personagem chama Angela, ela tem um sobrenome que é famoso até hoje. Nos anos 70, ela era casada com um já semideus que iria atingir a divindade com o passar dos anos. O sobrenome era Bowie. Angela, ao chegar em casa de surpresa, encontra Bowie na cama, pelado com uma outra pessoa. Até aí, nada de sensacional, uma vez que no mundo do rock, especialmente nessa época, o conceito de fidelidade era bem relativo, mas na cama estava um bocudo de sobrenome tão famoso quanto Bowie: Jagger, o Mick. Angela, tomada de fúria, foi para as câmeras e revelou o ocorrido. Claro que os tablóides fizeram a festa(business is business...), Bowie e Jagger venderam mais discos ainda e fizeram mais shows(escândalos vendem amigos...). Mick, numa mea-culpa, faz e lança a bela balada "Angie", apelido carinhoso que bowie chamava Angela.


Checa a desculpa do moço:

"I hate that sadness in your eyes/but Angie, Angie, aint it time we said good-bye?...but Angie, I still love you, baby/Everywhere I look I see your eyes/There aint a woman that comes close to you/- (tá, vendo, ele não falou nada sobre homem? sorry, não resisti à piada...)

O líder da maior banda do mundo nunca confirmou o boato, também nunca desmentiu.

Três anos após a revelação na TV, Angela Bowie escreveu o livro Backstage Passes: Life On the Wild Side with David Bowie, em que detalhou mais peculiaridades de seu casamento com Bowie, inclusive das orgias de que ambos participavam enquanto casados. Os dois se conheceram durante um sexo a três com o executivo Calvin Mark Lee quando ela tinha 19 anos, em 1969. (ah, a modernidade...)

O que foi? junkie careta agora virou a Caras do mundo virtual? Colunista de fofoca? Que decadência...(o que a tristeza e uma monografia inacabada não fazem na vida de um homem..)

Não é nada disso.
A razão é que às vezes a gente ouve uma música e não tem idéia do que a moveu. Isso também é legal, a idéia que cada um faça de uma mesma frase um espelho, que veja o que quer ver, é fantástica, é um desses atributos que fazem desse presente divino(ou diabólico, como dizem alguns) um alento pra alma. Ao longo desses anos pesquisando essa paixão, descobri uma série de histórias por trás das letras que achei que vocês poderiam gostar. Algumas são conhecidas (como a do Bowie e Mick), outras são coisas de fã, menos conhecidas. Compartilho aqui com vocês e espero que vocês possam se divertir ao lerem. Elas serão contadas bem mais rápidas dos que as duas anteriores que foram só pra chamar sua atenção, faremos de forma mais dinâmica.Não tem um período específico, são aleatórios. Você deve encontrar aqui e alí uma que conhece e outra que não conhece, só evitei as muito conhecidas, (principalmente as da época da ditadura, que você já ta cansado de saber pelo seu professor de história ou aquele seu amigo mala que só fala em MPB, o imperialismo americano e coisas afim). Nota: eu disse SÓ FALA NISSO.


Na maioria das vezes, o critério foi gostar do artista, outros é só porque é uma boa história.

Desde que Dylan salvou o rock da adolescência, qualquer tema passou a ser objeto de inspiração para o compositor. De qualquer forma quem quiser acrescentar, que conte outra, como dizia aquele personagem daquela série de livros infantis do Monteiro Lobato, que virou um famoso programa de Tv.

Entendeu agora?


Pra facilitar a vida de todos, eu coloquei o link com os vídeos. basta clicar em cima do título da música.


Vamos lá:


Começando com o Oasis.

- "
Don't look back in anger" é um fragmento de uma conversa de Jonh Lennon, e
”wonderwall” é o título de uma trilha sonora composta por George Harrison em 69. Os maravilhosos rude boys do Oasis adoram os Beatles(apesar de dizer que não) e devem boa parte de seus sucessos iniciais a eles, chegando a plagiar descaradamente os garotos de Liverpool em suas composições. "Cast no shadow" (da quase perfeição de Cd What's the story morning glory) foi feita para o vocalista do Verve, e seu problema sério com drogas.

-Em "One", Bono(U2) disseca a sua relação com seu pai (do CD Achtung baby).Basicamente o disco fala de separação do começo ao fim. Bono disse em entrevista que não entende como muitas pessoas vem ao seu encontro pra dizer que casaram ao som da música. Bono disse:

-Vocês estão doidos?o disco fala de separação!


- Na canção "4st 7lb", do excepcional Cd The Holy Bible, Richey James,(guitarrista e co-letrista) antes de desaparecer do Manic Street Preachers(excelente banda!) falava de sua luta contra sua anorexia.


- David Bowie, fez
"lady stardust" para seu ídolo Marc Boland, do T-Rex, outro semideus(ouça correndo,uma das maiores influências de Bowie).


- O Roxy Music de Bryan Ferry e Brian Eno, em
"every dream home a heartache",
fizeram uma ode à... boneca inflável!


-Caetano Veloso, esse se inspira por qualquer coisa. O homem já fez música até pra fotossíntese (!!), a perfeita canção
" luz do sol" (alegria dos professores de biologia) . Musos e musas foi o que nunca faltou pro homem:"Leãozinho" foi feita para Mu, baixista da cor do som, além da linda canção “Menino deus”. "Menino do Rio", foi feita pra um surfista que ele viu em ação e ficou encantado. "Tigresa"
foi inspirada na atriz Regina Casé(!!!) . A atriz Vera Zimmerman foi a musa de "Vera gata". Até a antipática e arrogante da Luana Piovanni (aquela namorada daquele grande ator global e excepcional cantor)... já reclamou título de sua musa). Se fossemos falar de todas as histórias por trás de suas músicas, esse post seria só pra ele.


Joni mitchell - (será que ela não é a melhor compositora do mundo?) na perfeição chamada Blue, na canção
"A case of you" , fala sobre um amor daqueles que não se esquece e se carrega pela vida inteira. Dizem que é fruto da história dela com Jacob Pastorius, deus do baixo. Nesse Cd, aliás, Joni fala de uma geração que já foi otimista, mas agora é fraca e exitante (conhece alguma geração assim por aí?) lá, você também vai encontrar uma das melhores canções já escritas por um compositor, a canção "last time I saw Richard"
(também regravada brilhantemente, por Renato Russo). É o retrato de uma vida em declínio, sobre aquelas pessoas que vivem vidas previsíveis por uma existência inteira.


- Aquele que talvez seja o melhor letrista vivo no mundo(depois de Dylan, claro), Leonard Cohen, que já era poeta e tinha escrito 2 romances-letras ricamente literárias antes de entrar na música, em "Songs of love and hate", fez uma coleção de gemas sobre o amor e sua proximidade com o ódio, baseado em suas histórias. A melhor definição que já ouvir pra esse CD não é minha, é de um crítico da Rolling Stone que eu não me lembro o nome : "é uma coleção fascinante de feridas abertas, desprezo constante e amor febril. A linha entre amor e ódio raras vezes soou tão frágil. Você tem que ouvir esse cara.(grifo meu)


- Depois de consubstanciar a teoria Freudiana em
“The end” , Jim Morrison do The Doors, na canção
“love her maddly”, faz um hino à paixão obsessiva. O Suede faria a mesma coisa quase 30 anos depois na maravilhosa “Obcessions” do Cd A new morning.


- Em
"Neighbourhood #1(Tunnels)"
, os excelentes Arcade Fire, falam sobre a fuga dos protagonistas da casa de suas famílias para se encontrarem e assim fugirem dos sofrimentos da casa de seus pais - em tempo - Os líderes Win Butler e Regine Chassagne são casados.


- Gilberto Gil na canção , no mínimo magnífica
"Drão", fala da separação de sua ex-mulher com quem tinha uma relação de muita poesia. Já te mata no primeiro verso:

"Drão, o amor da gente é como um grão/ uma semente de ilusão/tem que morrer pra germinar...".

O Menestrel, aliás, é presença obrigatória em qualquer lista das melhores canções brasileiras.
“Super homem, a canção , é um dos maiores hinos feitos sobre a condição masculina em tempos contemporâneos e é atualíssima até hoje. "A linha e o linho", é uma das coisas mais perfeitas que já se fez sobre o a cumplicidade no amor.


Transcrevo aqui pra você me dizer se eu tô errado:

"É a sua vida que eu quero bordar na minha/como se eu fosse o pano e você fosse a linha/e a agulha do real nas mãos da fantasia fosse bordando, ponto a ponto, nosso dia-a-dia/e fosse aparecendo aos poucos nosso amor/os nossos sentimentos loucos, nosso amor/o zigue-zague do tormento, as cores da alegria/a curva generosa da compreensão formando a pétala da rosa da paixão/a sua vida, o meu caminho, nosso amor/você a linha, e eu o linho, nosso amor/nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa reproduzidos no bordado a casa, a estrada, a correnteza o sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza"


Precisa falar mais sobre essa canção?

Aliás, mais uma vez, vou aproveitar pra dizer pra rapaziada criadora de cercas. Tem que parar com essa mentalidade de colonizado, que o que é Inglês é melhor do que o que é nacional. Anota aí: Gil, no geral de sua carreira, é tão bom quanto Molko, Morryssey, Brett Anderson, e todos esses grandes artesãos da música e letra. Se é porque você se identifica mais, tudo bem, mas, sair por aí afirmando que eles é quem são melhores, que a gente não tem nada tão bom, intenso, atraente, cool, visceral, é no minimo falta de informação!....Isso é coisa de mentalidade de colonizado! (e olha que você não tem idéia do quanto eu gosto da tríade citada.... Experimenta ouvir Mutantes,Walter Franco, Arnaldo Batista(carreira solo),Tim Maia(especialmente a fase Racional), Roberto Carlos fase soul/funk,( quando voltou maconheiro dos EUA e teve coragem de romper com a imagem de "namoradinhodo Brasil"), Sergio Sampaio e muitos outros pra ver o que acha. Vou parar por aqui só pra não perder o foco.


- A belíssima canção de Milton Nascimento(que eu acho chatíssimo, apesar de reconhecer o brilhantismo)
"Beatriz", foi feita para a atriz Beatriz Segall em reconhecimento ao seu talento.


Sexo e Drogas certamente são os temas mais recorrentes no rock. Sobre drogas, veja alguns exemplos:


-
"Special k"
do Placebo - Nada mais é do que a Ketamina, uma pilulazinha que se andava vendendo nas boates londrinas que deixava as pessoas bem relaxadas e erotizadas, deixando a libido à flor da pele. É claro que Mr Molko se viciou.

-
“Drugs don't work”
, do lindo Cd Urban hymes do ótimo Verve, é um hino triste sobre a morte do pai do vocalista Richard Ashcroft.


- Em "Dig in the hole", os irmão químicos (hummm... êta nomezinho bandeiroso...) Chemical brothers, falam abertamente de ecstasy.


- Os Happy Mondays(esse nome é ótimo...) no maravilhoso Cd Pills, thrills and bellyaches, não fizeram só uma canção, fizeram desde o título do álbum(sobre as consequências das noites regadas a ecstasy, coca e heroína) uma ode à chapação.


- Beatles, vou citar só três pra não esgotar o tema.


"Fixing a hole" é Paul descrevendo um barato que teve depois de fumar umzinho. It's getting better” é uma ode à erva, onde Lennon diz que desde que a conheceu tudo ficou melhor. Até hoje não se sabe se Lucy in the sky with diamonds é sobre uma inocente pintura do filho de John,(no desenho, uma colega de Julian, chamada "Lucy passeava pelo céu com diamantes"), ou é de fato, uma descrição de uma viagem de ácido) por causa das iniciais do nome da música(LSD)


- Os Rolling Stones, em parceria com a groupie-mor Marianne Faithful, em
"Sister morphine"
, contam uma sombria história sobre o vicio no bom Cd Stick finger(aquele da capa feita pelo Andy Warhol). Na época Marianne e Keith Richards se encontravam enterrados na heroína. A morfina seria para acalmar a dor, daí, a louvação.


- Um dos pilares da estética sex, drugs and rockn’roll, e uma das pedras fundamentais do rock, o Velvet Underground tinha sempre a presença da droga em suas temáticas. A ode a heroína é explícita em
"heroin" . Em
"waiting for my man" adivinha quem é o homem? O mesmo "Dr. Roberts" dos Beatles - Um traficante. Aliás, No brutal White light/White heat , eles defendem abertamente o uso de anfetaminas na faixa título, já em 67.


- "Poledo" dos essenciais e não-reconhecidos Dinossaur Jr (que banda...que guitarrista...), foi uma letra feita sobre o efeito de um baseado. Observe a letra e perceba o que a erva pode fazer com percepção de um músico.


- No excelente Blood Sugar Sex magic, na canção
“under the bridge”,
Anthony Kieds do Red Hot Chilli Peppers, nada mais faz do que uma apologia à heroína. Já vi adolescente oferecendo essa “canção de amor” pro outro em rádio...

Mudando o tema:


- Em
"Bodies"
, da melhor farsa que o rock já teve, o maravilhosamente descarado Cd Never mind the bollocks, os Sex Pistols falam de aborto.


- Em
"She's lost control" , o semideus e outro candidato a melhor letrista de todos os tempos, Ian Curtis do Joy Divison narra suas experiências como epilético. (Ai meu Deus, agora virou moda, por causa do documentário e do filme... meu coração de fã não vai aguentar...). Alguém por favor, se compadeça de mim, e me mande o documentário sobre ele ou o filme, pelamordedeus!)


-
"My, my, hey, hey"
, do deus Neil Young, nada mais é do que um reflexão sobre a natureza passageira do estrelato. O fato mórbido que aumentou a curiosidade em torno dessa canção é que Kurt Cobain do Nirvana a citou no bilhete que deixou ao se suicidar. Young ficou tão sensibilizado com a perda do jovem talentoso que fez um Cd inteiro sobre ele (o sublime Sleep with angels)


-Morrissey, ainda nos Smiths (alguma dúvida que foi a última banda original do mundo?) em
"big mouth strikes again" , sacaneava a crítica que o chamava de muito desbocado e os Djs alienados que vivem no mundo da lua. Criou o verso mais odiado por Djs de rádio do mundo, por causa do refrão "Hang the dj" , (enforquem o Dj (!) que além de tudo, ainda se viram obrigados a tocar a música nas rádios por causa dos pedidos dos ouvintes. No Cd Meat is murder (redundância dizer que é ótimo) na canção “How soon is now", (melhor música pop já escrita, segundo uma boa parte da imprensa britânica) ele lamenta uma juventude perdida sendo ignorada em boates. Em “paint a vulgar picture” , Morrissey já atacava a industria do disco antes de Lobão(1987), só que em música. Reza a lenda que I won't share you , fez com que o baterista Mike Joice tivesse um ataque de choro no estúdio na gravação. Eu não tava lá, mas, já chorei ouvindo.


- O Sonic Youth no bom Cd Goo, na canção
" Tunic"
falam sobre a morte de Karen Carpenter (dos Carpenters) de anorexia. Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas, sua mãe e seu pai os adoravam, e dançaram agarrados ao som dos irmãos quando você ainda tava na barriga.


- Em
"Till death do us apart" ,
do belo CD Like a prayer, é de sua noite de terror nas mãos de Sean Penn, amarrada em uma cadeira, que Madonna está falando. Ele, à propósito, é confesso, a grande paixão de sua vida.


- Não se engane, é dos seus pais que Billy Corgan está falando em
“Disarm” , na perfeição chamada Siamese dream. Em “space boy”
, é a seu irmão que tem deficiência mental, que ele se refere.


E aquele assunto que todo mundo adora falar? bom, se fossemos falar de letras falando de Sexo, nem o blogger.com inteiro teria tanto espaço. Só pra citar os que eu mais gosto:


- Marvin Gaye em
“Sexual healing” , (do Cd homônimo) propõe como cura pra todos os males (já pensou?) e como já disse antes, em poucas vezes na história da música se foi tão cara de pau, poucas vezes se fez uma canção pra se criar um clima melhor que “Let’s get it on”
(do também Cd homônimo).


-Prince (quase sempre perfeito), cuja carreira é perpassada em sua fixação sexual, no Cd Diamomds and pearls, lança
"Get off” , uma das maiores odes explícitas ao sexo, desde o título. No Cd 1999, a canção “DMSR” nada mais é do que um romance sexual em ritmo de disco music.


-Pj Harvey em seu Cd Dry, transpira sexo.
“Sheela-Na-Gig” é uma referência a antigos símbolos da fertilidade feminina. Na outra obra prima Rid of me, na canção homônima
, já introduz (oops) dizendo: “lick my legs/ I’m on fire”(lamba minhas pernas/ estou em chamas).


Os rappers contemporâneos quase só falam sobre esse tema (e aí é que mora o problema... Será falta de talento pra falar sobre outro tema? Com caras como 50 cents, quase tudo termina lá.


Como já disse, ainda prefiro o Marvin Gaye que com seu Cd Let's get it on abordou o tema do começo ao fim e não ficou cansativo ou apelativo (e nesse sentido passa a ser temático, assunto pra outro post...) Tá tudo lá, aquelas cordas sensacionais, aquele climão, os sussurros, aquele jeito de cantar beirando a perfeição.


Mudando de assunto, de novo...


-Em The boatman's call, um dos melhores álbuns de rock sobre separações, Nick Cave destila sua dor pela separação de P.J Harvey, com quem viveu. “West country girl” e Black hair", seriam sobre ela. Decididamente não é um álbum recomendável pra quem se separou... Nick é só pessimismo, embora comova. Ele fecha o cd com a dilacerante "Brompton oratory”. Na canção, você não sabe se o ente querido que ele chora, está morto ou não.

- A canção “Miss Jackson” do Cd Big Boi and Dre Present...Outkast, é o ponto de vista de Andre 3000 do Outkast, sobre a sua separação de Erikah Badu. Já o dela, foi um Cd inteiro, o belíssimo Mama's gun. Especialmente na faixa "Green eyes" e "it's too late".


- A ótima Beth Orthon na canção
Pass in time” ,
do excelente Cd Central reservation fala da morte da mãe. Realmente comovente.


- Em
“Mother” ,
Lennon no belo vôo solo John Lennon/Plastic OnoBand, canta a perda e a incurável falta de sua mãe, apesar do passar dos anos. De cortar o coração do mais durão dos durões. Quem já ficou sem esse presente de Deus na terra sabe do que ele tá falando.


- Tori Amos, no dilacerante Little earthquakes, na canção
“me and a gun”,
narra à capela, a história de como foi estuprada por um fã-maníaco ao final de um show(minhas amigas cantoras, cuidado com quem se aproxima...), exorcizando sua dor. Não ouça se tem coração e estômago fraco. Uma das coisas mais tocantes que já ouvi.


-Depois de ter vários abortos espôntâneos, Sinéad O'Connor chora a morte de seus filhos na canção
“Three babies” .
Siga o mesmo critério adotado na Tori amos. É de doer na alma.


-
“Kite” ,
do Cd All you can't live behind do U2, foi escrita para o pai de Bono que estava morrendo.


-No injustiçado In útero do Nirvana, na canção
“serve the servants” ,
Kurt está perdoando seu pai ausente.


- Em
"53rd and 3rd" , d
o primeiro disco dos Ramones e pedra fundamental do punk, o baixista Dee Dee conta sua experiências como michê!!!


- Renato Russo em duas canções fala delicadamente de sua homossexualidade.Quase ninguém percebeu na época.

Em “soldados” :

Tenho medo de lhe dizer o que eu quero tanto/ tenho medo e não sei o que estamos esperando”.

E “Daniel na cova dos leões”:

Mas tão certo quanto o erro de ser barco a motor/ e insistir em usar os remos...”.

Já em “Meninos e meninas" ele se descobre bi-sexual.


- Elton John no belo Cd Goodbye yellow brick road, no tempo que sabia compor, antes de ficar milionário e fazer uma "Nikita" por ano, na faixa
"All the girls love Alice" ,
fez o que talvez tenha sido a primeira canção a falar de lesbianismo.


- No belíssimo e confessional Ingénue, K.D. Lang , finalmente se expõe ao seu público, arriscou toda sua carreira em seu país conservador, assumiu sua homossexualidade e depois que já era sucesso o público adorou saber que
“wash me clean” e
Miss chatelaine , foram feitas inspiradas pelo desejo dela por uma mulher casada.


- No Cd VERY, os Pet Shop Boys incluem a canção “to speak is a sin” dizendo que ela foi feita, “pros que estão no armário”.


- Na obra prima do Pulp, Different class, o brilhante Jarvis Cocker na canção
"I spy" ,
fala de seu voyeurismo.


- Não, você não se enganou, na canção “range” é o Smashing Pumpkins e Stone Temple Pilot que os caras do excelente Pavement estão sacaneando, no sensacional Cd
Crooked rain, Crooked rain.


- Em
“Paranoid android” ,
o Radiohead, no Cd Ok, computer, (concorrente de a melhor obra da década de 90), Thom Yorke, fala do jet set enlouquecido pela cocaína. O titulo foi tirado do livro "o mochileiro das galáxias" de Douglas Adams (li e não achei nada demais).


- O deus vivo Bob Dylan é o letrista por excelência. Eu faria um blog inteiro só pra falar de sua importância pra cultura ocidental e de suas letras(idem para os Beatles). Podia usar aqui, quase qualquer uma de suas músicas, vou no clichê: “Like a rolling stone” é simplesmente os anos 60, retrato de uma geração inteira. Absolutamente perfeita.
"Ballad of a thin man" ,
é o atestado dessa mesma geração só que, surpreendentemente, com medo de mudar. Essa canção a propósito, é pura história. Dylan a canta corajosamente, enquanto ao fundo, ainda se ouve ecoar o grito de "Judas!". Uma geração que outrora era libertária e de repente se viu conservadora quando seu representante oficial, quis eletrificar seu som, abandonando o já defasado folk music da época.Dylan debocha, com a ironia e coragem fazendo a perguntaque não queria calar:

"Cause something is happening here/but you don't know what it is/do you, Mr John?

Não se deixe levar pelo novidadeirismo, Dylan é deus. Descubra a obra desse cara.



Se você teve a paciência de chegar até aqui, obrigado e parabéns. Sempre me perguntam: por que seus posts são tão extensos? No mundo virtual as pessoas tem pressa, ninguém tem tempo e paciência pra ler literatura. Não tenho nada contra quem tem essa proposta, pelo contrário, adoro passear nos blogs dos meus amigos virtuais que registram seu dia-a-dia. Me divirto com eles. Eu é que não sei fazer assim(acho que registro mais o meu dia-a-dia no outro blog, o Spleen Rosa Chumbo, só que em pretensos poemas em prosa). Pode ser talvez, pela minha titânica preguiça, sei lá. Pode ser também até por opção ou falta de competência no poder de síntese. Na realidade, acho que a proposta do blog é essa: Cultura inútil (alguns até dizem que é útil e até esperam os posts , acreditam?) pra você ler quando tiver um tempinho no meio dessa sua correria, dessa sua vida louca. Só posso dizer que já são vários amigos pelo Brasil afora e outros em outras terras que extrapolaram o espaço do blog e alguns já são mais próximos e nos falamos por MSN (já ganhei cada e-book, artigo, matéria que sempre sonhei...), e-mail e alguns mais próximos ainda, até por telefone. Obrigado a todos vocês pelo suporte no momento especial.


Enfim, poderia contar várias outras histórias, são muitas. Espero que vocês possam ter gostado e se divertido um pouco. Não se esqueçam de contarem a sua se tiverem uma ou de corrigir alguma informação errada.


Tái. Junkie Careta, o homem dos posts quilométricos.


Até a próxima.